Tensão China x EUA pesa sobre os mercados de renda variável

Em contrapartida, títulos soberanos ganham valor com a retomada da busca por refúgios financeiros

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
02 de Agosto, 2022 | 06:35 AM

Barcelona, Espanha — A geopolítica marca o passo do mercado financeiro. A esperada visita a Taiwan de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Estados Unidos, desafia as autoridades chinesas e gera muita tensão, fomentando inclusive um risco de confronto militar, já que a China considera Taiwan seu território. A viagem, programada para hoje, faria de Pelosi a primeira política norte-americana de alto escalão a visitar a ilha em 25 anos.

Tanto entre os futuros de índices nos EUA como na maioria das bolsas europeias, a direção era de queda. A tensão EUA-China sobre Taiwan e o aprofundamento das preocupações sobre uma desaceleração econômica global levam os investidores à segurança dos títulos do governo - os prêmios dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 ano baixavam para 2,5%. O Bank of America estima que o rendimento a 10 anos poderia chegar a 2%.

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O Stoxx Europe 600 baixava, apesar da boa performance do setor de energia, depois que a BP Plc aumentara seus dividendos e acelerara o ritmo de recompra de ações - em seu balanço, a empresa divulgou ganhos melhores do que o esperado.

A perspectiva de uma desaceleração da demanda, também provocada por novos casos de contágios por Covid-19 na China, tem minado as cotações do petróleo, deixando-o abaixo dos US$ 94 por barril.

→ Outros fatores que movem a jornada de hoje

🍽️ Prato do dia. Hoje, em matéria de indicadores, a pesquisa JOLTS sobre a oferta de emprego no setor privado dos EUA chamará a atenção dos operadores. Esta tem sido considerada a melhor medida de tensão do mercado de trabalho dos EUA ao longo do último ano. O foco também estará nos depoimentos de membros do Federal Reserve (Fed) mais “hawkish”, isto é, defensores de ações mais enérgicas para controlar a inflação: Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, James Bullard, líder do Fed de St. Louis.

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📖 Seguindo a cartilha. O banco central australiano voltou a seguir a cartilha de seus pares globais no combate à inflação. Elevou sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 1,85%, como aguardavam os analistas. Trata-se de sua quarta subida de juros e um recordatório da tática que as autoridades monetárias mundiais têm adotado para controlar a persistente alta dos preços.

😨 O medo que sempre ronda. O mercado estava mais otimista, driblou um mar de incertezas e fechou o mês de julho no azul. Porém, as preocupações sobre a iminência de uma desaceleração econômica voltam a assombrar. Os indicadores PMIs globais, que medem o pulso da indústria, têm mostrando franca desaceleração. Alguns países, como Espanha e Alemanha, já estão em zona de contração econômica.

🤨 Contradições macro. Mas nem todas as notícias são ruins. Ontem, o índice ISM dos EUA pintou um quadro um pouco mais reconfortante do que o esperado pelo mercado — muito embora o índice tenha baixado para o menor nível desde junho de 2020. Ficou acima da estimativa mediana da Bloomberg (52,8 contra 52,0).

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Um panorama do começo da manhã nos mercados
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,14%), S&P 500 (-0,28%), Nasdaq Composite (-0,18%), Stoxx 600 (-0,19%), Ibovespa (-0,91%)

As bolsas dos EUA oscilaram entre perdas e ganhos no primeiro dia de negociação de agosto. Os investidores estão se posicionando após a chuva de dados econômicos que terminou em julho e agora se concentram em quanto tempo o aperto monetário do Fed irá durar. O nervosismo vem em um momento em que as bolsas de valores enfrentarão os meses tradicionalmente mais arriscados do ano. Nos últimos 25 anos, as médias de agosto e setembro perfizeram quedas de 0,6% e 0,5%, respectivamente, de acordo com os cálculos da Bloomberg.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Pesquisa JOLTS sobre as ofertas de emprego

Europa: Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Nationwide/Jul); Espanha (Taxa de Desemprego, Confiança do Consumidor)

Ásia: Hong Kong (Vendas no Varejo/Jun; PMI Industrial); Japão (PMI de Serviços); China (PMI Serviços Caixin/Jul)

América Latina: Brasil (Produção Industrial/Jun)

Balanços do dia: Decisão sobre juros do Banco Central da Austrália. Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, falam em eventos separados

Balanços do dia: BP, Caterpillar, Ferrari, Marriott, KKR, Uber, S&P Global, Occidental Petroleum, Electronic Arts, Gilead Sciences, Advanced Micro Devices, Starbucks, Airbnb, PayPal, Marathon Petroleum

📌 Para a semana:

Quarta-feira: Reunião da OPEC+. EUA: Pedidos de fábricas, bens duráveis, serviços ISM

Quinta-feira: Decisão de política monetária do Bank of England (BoE). EUA: Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. A presidente do Cleveland Fed, Loretta Mester, deve se pronunciar• Sexta-feira: Relatório de Emprego dos EUA/Jul

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.