E agora? Como a China pode revidar a visita de Pelosi em Taiwan

Por ora, nem Xi nem Biden têm interesse em desencadear um conflito que poderia causar ainda mais danos econômicos aos seus países

Viagem da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, desafia as ameaças da China
Por Rebecca Choong Wilkins e Colum Murphy
02 de Agosto, 2022 | 01:04 PM

Bloomberg — Com a chegada da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em Taiwan nesta terça-feira (2), o mundo se prepara agora para a resposta da China.

O presidente chinês Xi Jinping disse a Joe Biden, líder dos EUA, na semana passada que “quem brincar com fogo vai se queimar”, em referência a Taiwan, que a China considera seu território. O porta-voz do ministério das relações exteriores Zhao Lijian disse na segunda-feira (1) que o Exército de Libertação Popular “não ficará de braços cruzados” caso a visita acontecesse. Pelosi é a autoridade americana de mais alto escalão a visitar o país em 25 anos.

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Nem Xi nem Biden têm interesse em desencadear um conflito que poderia causar ainda mais danos econômicos aos seus países, e a ligação na semana passada entre os dois líderes também indicou que eles se preparam para a primeira reunião presencial como líderes nos próximos meses.

Ainda assim, estas são algumas das ações que a China pode tomar:

1. Incursões maiores de aviões de guerra

Incursões diárias na zona de identificação de defesa aérea da ilha já é uma norma existente, então o Exército de Libertação Popular precisaria enviar uma série particularmente grande ou incomum de novos voos. O recorde em um único dia é de 56 aviões, em 4 de outubro, que coincidiu com exercícios militares nas proximidades liderados pelos EUA. Cerca de 15 aviões voaram ao redor do lado leste de Taiwan, em vez das rotas usuais no sudoeste, após a visita de uma delegação do Congresso americano em novembro do ano passado, por exemplo.

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A China poderia manter esse nível mais agressivo de incursões por dias e até semanas, esgotando os recursos da já sobrecarregada Força Aérea de Taiwan.

2. Aviões de guerra sobre Taiwan

O jornal Global Times, do Partido Comunista, sugeriu que a China deve realizar um voo militar diretamente sobre Taiwan, forçando o governo da presidente Tsai Ing-wen a decidir se deve ou não derrubá-lo. No ano passado, o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, avisou: “Quanto mais perto eles chegarem da ilha, mais forte revidaremos.”

A China também poderia fazer uma incursão profunda através da linha mediana do Estreito de Taiwan, uma zona tampão, sujeita a normas específicas, que os EUA estabeleceram em 1954, e que Pequim não reconhece. Isso pressionaria os militares de Taiwan, exigindo que seus aviões permanecessem no ar. Aeronaves chinesas violaram repetidamente a linha em setembro de 2020, quando o então subsecretário de estado dos EUA, Keith Krach, viajou para a ilha.

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3. Teste de mísseis perto de Taiwan

No verão de 1995, houve uma das respostas mais provocativas da China a um intercâmbio entre Washington e Taipei, quando Pequim testou mísseis no mar perto da ilha. A medida foi parte dos protestos da China contra a decisão do presidente Bill Clinton de deixar o primeiro presidente democraticamente eleito de Taiwan, Lee Teng-hui, visitar os EUA.

A China declarou zonas de exclusão em torno das áreas-alvo durante os testes, interrompendo o transporte marítimo e o tráfego aéreo. Mais recentemente, o país lançou mísseis balísticos no Mar da China Meridional, em agosto de 2020, no que foi visto como uma resposta aos exercícios navais americanos.

4. Dor Econômica

A China é o maior parceiro comercial de Taiwan. Pequim poderia aproveitar essa vantagem para sancionar exportadores, boicotar alguns produtos taiwaneses ou restringir o comércio bilateral. Na segunda-feira, a China baniu importações de alimentos de mais de 100 fornecedores taiwaneses, de acordo com o United Daily News. No entanto, a China deve agir com cuidado, pois precisa de Taiwan para semicondutores, por exemplo.

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Pequim já atingiu vários líderes taiwaneses com sanções, incluindo proibições de viajar para o continente. Mais ações semelhantes teriam pouco impacto, já que é improvável que os políticos taiwaneses viajem para o continente ou façam negócios lá.

5. Protesto Diplomático

O Global Times alertou hoje que o governo Biden enfrentaria um revés “sério” nas relações China-EUA por conta da viagem de Pelosi. Isso pode significar chamar de volta o embaixador da China nos EUA, Qin Gang. Em 1995, Pequim retirou seu embaixador dos EUA, Li Daoyu, após Washington permitir que o presidente de Taiwan visitasse o país. No entanto, essa desavença ocorreu em um nível diplomático mais alto que o de Pelosi, que é a segunda na linha de sucessão à presidência.

No ano passado, a China chamou de volta seu embaixador na Lituânia depois que o país báltico permitiu que Taiwan abrisse um escritório em sua capital com seu próprio nome, em vez de Taipei Chinesa - um termo que Pequim considera “mais neutro”.

6. Conquiste uma ilha

Pequim tem opções militares além de montar uma arriscada invasão ao longo dos 130 quilômetros do Estreito de Taiwan - como tomar uma das ilhas menores periféricas mantidas pelo governo em Taipei, capital de Taiwan, embora essa forma de provocação seja altamente improvável.

Durante os primeiros dias da Guerra Fria, o bombardeio militar da China às Ilhas Kinmen de Taiwan, localizadas ao largo da costa sudeste da China, atraiu grande apoio militar dos EUA. Taiwan repeliu o avanço chinês, mas não antes que centenas de seus soldados fossem mortos. A Ilha das Pratas, controlada por Taipei, a 400 quilômetros da costa de Taiwan, é outro ponto vulnerável.

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