Vendas da Heineken saltam apesar das ameaças da inflação

Resultados da fabricante holandesa mostram que consumidores de cerveja estão tolerando os aumentos de preços até agora

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Bloomberg — A Heineken registrou vendas de cerveja acima do esperado, com os clientes continuando a beber mas mais cautelosos em meio às pressões inflacionárias.

Os volumes de cerveja no primeiro semestre subiram 7,6%, melhor do que a estimativa média de analistas da Bloomberg, de 5,73%, disse a cervejaria holandesa em comunicado nesta segunda-feira (1).

Os resultados mostram que os consumidores de cerveja estão tolerando, até agora, os aumentos de preços apesar da inflação crescente. A Heineken fez um alerta no início deste ano afirmando que os consumidores podem reduzir as compras, o que ameaça a recuperação do setor após a pandemia.

“A política de preços que nós e outras companhias estamos adotando pode começar a ter efeito, e é por isso que estamos sendo cautelosos”, disse o CEO Dolf van den Brink em entrevista por telefone após a divulgação de resultados.

As ações da empresa caíram cerca de 3,5% no início do pregão. No ano, a queda acumulada já foi de 5,2%.

A fabricante elevou os preços em uma média de 8,9% no primeiro semestre em relação ao ano anterior e mais aumentos podem ocorrer no restante deste ano, disse o diretor financeiro Harold van den Broek.

O que diz a Bloomberg Intelligence

Preços de energia mais altos podem conter a recuperação da Heineken em 2023, potencialmente reduzindo a receita operacional de consenso em 3% a 6% para expansão de um dígito médio alto, já que a empresa leva tempo para repassar corretamente esses custos. O volume robusto — principalmente para a marca homônima da Heineken — mostra o quão bem a empresa está posicionada para o crescimento de longo prazo, devido aos preços sensatos durante a crise atual.

A Heineken reiterou sua perspectiva de crescimento modesto este ano, uma vez que a recuperação da demanda é afetada pela guerra da Rússia na Ucrânia e pelas pressões de crescimento dos preços. A empresa revisou seu guidance para 2023 e agora espera um crescimento orgânico de lucro operacional de um dígito médio a alto, em vez de almejar uma margem operacional de 17%.

“Para nós, o desempenho mais forte do que o esperado em 2022 supera a cautela para 2023 e achamos que as ações se recuperarão ao longo do tempo”, disse Trevor Stirling, diretor administrativo de bebidas alcoólicas europeias e americanas da Bernstein.

A receita orgânica subiu 22%, para 16,4 bilhões de euros (US$ 16,8 bilhões), impulsionada por aumentos de preços, bom clima na Europa e recuperação na América Latina.

A cervejaria holandesa reportou lucro líquido ajustado de 1,33 bilhão de euros no semestre, um crescimento orgânico de 40% em relação ao ano anterior. A Heineken disse anteriormente que espera um prejuízo de 400 milhões de euros devido à sua retirada da Rússia em meio à guerra na Ucrânia.

“O progresso foi feito em uma transferência ordenada de nossos negócios para um novo proprietário e um acordo deve ser alcançado no segundo semestre do ano”, disse a empresa.

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