Tensão EUA-China deve escalar com possível visita de Pelosi a Taiwan

Viagem seria histórica para uma autoridade dos Estados Unidos e pode aumentar atrito entre os países

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Bloomberg — A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deve visitar Taiwan na terça-feira (2), desafiando as autoridades chinesas, que alertaram sobre as consequências da viagem, segundo pessoas familiarizadas com os planos de Pelosi.

Seria uma decisão histórica de uma autoridade dos EUA e intensificaria o risco de um confronto militar, já que a China considera Taiwan seu território. Pelosi seria a primeira presidente da Câmara desde Newt Gingrich a visitar a ilha em 25 anos.

A notícia foi publicada pela primeira vez pelo Liberty Times, um dos jornais de Taiwan favoráveis ao partido no poder.

A visita provavelmente desencadearia uma resposta colérica da China, que prometeu “graves consequências” para as relações diplomáticas devido à viagem. O presidente Xi Jinping disse ao presidente Joe Biden em uma chamada na semana passada que “salvaguardaria resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial da China” e que “quem brinca com o fogo acaba se queimando”.

Os meios de comunicação chineses, incluindo o Global Times, do Partido Comunista, sugeriram que o Exército de Libertação Popular reagiria agressivamente a uma visita de Pelosi, possivelmente enviando caças de guerra para a ilha.

Taiwan precisaria decidir se os abateria – decisão que que poderia desencadear um conflito militar mais amplo. Pequim sinalizou outras opções de retaliação, incluindo penalidades comerciais, e tem um histórico de apertar Taiwan economicamente.

O Liberty Times informou que Pelosi deve encontrar parlamentares em Taipei na quarta-feira (3). O jornal não mencionou uma possível reunião com o presidente Tsai Ing-wen. O Wall Street Journal também informou que Pelosi planeja visitar Taiwan e reunir-se com funcionários do governo, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

Embora os EUA tenham eliminado seu tratado de defesa mútua com Taiwan após estabelecer laços diplomáticos com Pequim em 1979, a China deve ponderar a possibilidade de que os EUA e seus aliados na região acabem atraídos militarmente. Biden disse em maio que Washington interviria para defender Taiwan em qualquer ataque da China, embora a Casa Branca tenha esclarecido mais tarde que ele quis dizer que os EUA forneceriam armas de acordo com os acordos existentes.

Apesar do risco, legisladores americanos de ambos os partidos expressaram apoio à viagem de Pelosi, argumentando que é importante que a líder do Congresso não ceda à pressão de Pequim.

“Se permitirmos que os chineses ditem quem pode ou não visitar Taiwan, então já cedemos Taiwan aos chineses”, disse Bob Menendez, democrata de Nova Jersey e presidente do Senado para Relações Exteriores, que fez sua própria viagem a Taiwan em abril.

As visitas de outros parlamentares americanos também provocaram respostas militares por parte da China. Em novembro passado, caças chineses sobrevoaram o lado leste da ilha após a visita de uma delegação do Congresso americano.

A última grande crise em Taiwan ocorreu em 1995 e 1996, quando a China lançou mísseis no mar perto dos portos e o então presidente americano Bill Clinton enviou dois porta-aviões para a área. Gingrich visitou Taiwan e a China no ano seguinte a esse episódio, dizendo a Pequim que os EUA defenderiam a ilha.

No entanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, deixou claro em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (1°), que a estatura de Pelosi como a terceira maior autoridade nos EUA tornou sua viagem muito sensível, reiterando que o exército “não vai ficar parado”.

--Com a colaboração de Foster Wong, John Harney e Billy House.

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