Mercados caem nos EUA; investidores ponderam realização de lucro e medo de recessão

Primeiro pregão de agosto começa com leve aversão ao risco no radar, à medida que investidores medem as chances de uma contração econômica

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
01 de Agosto, 2022 | 08:57 AM

Barcelona, Espanha — (Esta versão atualiza a nota originalmente publicada às 8h28)

O salto do mercado acionário nas últimas sessões abre o caminho para a realização de lucros, mas os investidores estão mais uma vez considerando o impacto de uma desaceleração econômica. Os futuros das ações americanas caíam nesta segunda-feira (1), acompanhando o movimento do dólar americano e do petróleo à medida que os investidores avaliam os riscos de uma recessão global.

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Os contratos futuros do Nasdaq 100 e do S&P 500 abriam agosto em leve queda, após o melhor mês para as ações dos EUA desde novembro de 2020. O Stoxx 600 Index subia 0,2%, liderado pelos bancos após o HSBC apresentar lucro acima do esperado para o segundo trimestre.

O dólar caía em relação a uma cesta de pares, antes de dados da indústria americana, que que devem mostrar uma desaceleração em julho.

Já o petróleo também recuava depois que os dados econômicos da China aumentaram as preocupações de que uma desaceleração global possa minar a demanda. O West Texas Intermediate negociava perto de US$ 97 por barril depois de afundar quase 7% em julho na primeira perda mensal consecutiva desde o final de 2020.

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Os investidores ficam de olho nos próximos passos do Federal Reserve, o banco central americano, sobre a trajetória de juros no país, após mais um aumento de 0,75 ponto-base na última semana.

“Com os baixos preços do petróleo contribuindo para moderar as expectativas de inflação e alguns sinais de arrefecimento na atividade e no crescimento do emprego, a inflação não é mais o único foco do Fed”, disse Paolo Zanghieri, economista sênior da Generali Investments em Milão.

O Bitcoin também caía depois de atingir os níveis mais altos desde meados de junho no sábado, em meio ao otimismo de que o mercado pode ter se recuperado de seus piores níveis.

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O que move a semana

A temporada de balanços ainda persiste, apesar de que as empresas com maior poder de fogo já anunciaram seus resultados. Durante a semana há dados macroeconômicos importantes (hoje tem PMIs em várias partes do globo e o indicador ISM do setor manufatureiro norte-americano) e decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) na quinta-feira.

👁️ Um novo olhar. Os investidores passaram, nas últimas semanas, a dirigir uma nova mirada aos mercados. O motivo? A ideia de que uma eventual desaceleração econômica poderia, ela mesma, desinflar a alta dos preços. E, de quebra, levar a uma ação mais moderada por parte dos bancos centrais no que diz respeito à alta dos juros.

😌 Alívio no mercado de bônus. Essa perspectiva proporcionou uma grande reversão no mercado de bônus soberanos, beneficiando a renda variável os EUA, cujos principais índices em julho registraram o melhor mês desde novembro de 2020. Os prêmios do título do Tesouro dos EUA a 10 anos, por exemplo, se encontram em torno dos 2,67%, bem abaixo do pico de junho, quando atingiu 3,50%.

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Os títulos italianos de mesmo prazo, que têm estado sob o foco com o início do ciclo de alta dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE), caíram para abaixo de 3% pela primeira vez desde maio. Os investidores estão apostando que um novo governo no país manterá os compromissos necessários para desbloquear cerca de 200 bilhões de euros (US$ 205 bilhões) de fundos da União Europeia.

💪 Resistência. Contrariando as expectativas, os resultados empresariais do segundo trimestre driblaram o cenário de alta da inflação e do juros. Mais da metade das empresas norte-americanas divulgou suas cifras, mostrando um crescimento médio de 6,6% no lucro por ação anual, frente a estimativas de 4,1% dos analistas para o período. Embora as companhias de maior peso já tenham divulgados seus números, alguma volatilidade a safra de balanços deve continuar trazendo aos negócios.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Bitcoin pode perder reinado?

Mercados caem nos EUA; investidores ponderam entre realização de lucro e temor a recessão

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow Jones Industrials (+0,97%), S&P 500 ( +1,42%), Nasdaq Composite (+1,88%), Stoxx 600 (+1,28%), Ibovespa (+0,55%)

As hipóteses sobre uma recessão ganharam força na semana com os piores prognósticos do FMI para a economia global e a segunda queda sucessiva do PIB norte-americano. Mas isso não impediu as bolsas de fecharem no positivo. Os mercados acionários dos EUA registraram o seu melhor mês desde novembro de 2020. O S&P 500 fechou com 9,11% de alta mês a mês, enquanto o Nasdaq Composite encerrou julho com 12,35% de valorização. O Dow Jones Industrials exibiu um ganho mensal de 6,73%.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Indicadores PMIs: EUA, Zona do Euro, França, Reino Unido, Espanha, Itália

EUA: Índice ISM de Emprego do Setor Manufatureiro/Jul, Gastos de Construção/Jun

Europa: Zona do Euro (Taxa de Desemprego/Jun), Alemanha (Vendas no Varejo/Jun); Itália (Taxa de Desemprego/Jun)

Ásia: China (PMI Manufatureiro/Jul), Japão (Vendas de Veículo/Jul); Hong Kong (PIB/2T22)

América Latina: Brasil (Boletim Focus, Balança Comercial/Jul)

Balanços do dia: HSBC, Heineken, Devon Energy, Activision Blizzard

📌 Para a semana:

Terça-feira: Decisão sobre juros do Banco Central da Austrália. EUA: Pesquisa JOLTS sobre o mercado de trabalho. Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, falam em eventos separados

Quarta-feira: Reunião da OPEC+. EUA: Pedidos de fábricas, bens duráveis, serviços ISM

Quinta-feira: Decisão de política monetária do Bank of England (BoE). EUA: Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. A presidente do Cleveland Fed, Loretta Mester, deve se pronunciar• Sexta-feira: Relatório de Emprego dos EUA/Jul

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.