Desastres climáticos na América Latina ameaçam segurança alimentar global

Chuvas abaixo da média nos principais produtores agrícolas da região levaram a um declínio de 2,6% na colheita de cereais em 2021

O planeta já se aqueceu 1,1 grau acima da média pré-industrial, e as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa na atmosfera não param de aumentar
Por Laura Millan Lombrana
31 de Julho, 2022 | 02:15 PM

Bloomberg — Calor, seca e enchentes – agravados pelas mudanças climáticas – dizimaram safras inteiras na América Latina em 2021, tornaram milhares de pessoas vítimas da insegurança alimentar e abalaram os mercados globais, de acordo com o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O aquecimento na América Latina e no Caribe tem se acelerado em ritmo significativo, com temperaturas na região aumentando 0,2 grau por década em média entre 1991 e 2021, em comparação com 0,1 grau por década entre 1961 e 1990, de acordo com relatório da organização divulgado na sexta-feira (22).

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“Secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e enchentes, infelizmente, levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola e infraestrutura e deslocamento humano”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“A contínua degradação da floresta amazônica ainda está sendo destacada como uma grande preocupação para a região, mas também para o clima global, considerando o papel da floresta no ciclo do carbono.”

O planeta já se aqueceu 1,1 grau acima da média pré-industrial e as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa na atmosfera não param de aumentar. As nações em desenvolvimento, incluindo algumas na América do Sul, são as que mais sofrem as consequências do aquecimento global causado pelas emissões de carbono liberadas principalmente por países desenvolvidos.

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Chuvas abaixo da média nos principais produtores agrícolas, como Chile, Brasil, Uruguai e Paraguai, levaram a um declínio de 2,6% na colheita de cereais da América do Sul em 2021, de acordo com pesquisa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação citada pelo relatório.

A mudança nos padrões de precipitação foi parcialmente relacionada com o fenômeno La Nina, enquanto a mudança climática muito provavelmente desempenhou um papel em pelo menos alguns dos eventos climáticos extremos na região.

Uma seca no Chile se estendeu pelo 13º ano consecutivo em 2021, tornando-se a mais longa estiagem na região em pelo menos mil anos, segundo a OMM. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que há um nível de certeza médio de que a seca no centro do Chile pode ser atribuída à influência humana.

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Na bacia dos rios Paraná e La Plata, que abrange Brasil, Paraguai e Argentina, a pior seca desde 1944 está reduzindo a produção de soja e milho e impactando os mercados globais de alimentos. A exportação de cereais, 80% da qual é feita pelo rio Paraná, também foi afetada, e os níveis de água caíram para o menor patamar desde a década de 1940.

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©2022 Bloomberg L.P.

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