São Paulo e Cidade do México — Em uma semana em que até as maiores empresas de tecnologia do mundo se preparam para um cenário de recessão (Apple (AAPL), Microsoft (MSFT), Spotify (SPOT) e Google (GOOGL) anunciaram desaceleração de contratações), algumas startups conseguiram provar seu valor para os investidores e foram financiadas esta semana na América Latina. É o caso da fintech brasileira FinanZero e da mexicana HRtech Hitch.
FinanZero
A fintech fundada por suecos FinanZero atua no Brasil desde 2016 como correspondente bancária. Um marketplace para empréstimos online, a empresa acaba de anunciar uma nova rodada de US$ 4,1 milhões (quase R$ 22 milhões) da VEF, Webrock Ventures, Dunross & CO e Atlant Fonder.
A companhia trabalha com cerca de 30 bancos parceiros com integrações API e 64 instituições financeiras parceiras, com as quais garante ofertas de empréstimos para os clientes.
A FinanZero captou US$ 7 milhões em abril de 2021. A fintech diz que nos últimos 12 meses após a rodada cresceu 122% em receita em comparação com o ano anterior. Mas quando Olle Widén, CEO e cofundador da FinanZero, foi buscar essa nova rodada, as coisas não foram tão simples.
“Como temos muitos investidores europeus, um dos maiores gatilhos para essa mudança de mentalidade foi quando a guerra começou na Ucrânia”, disse Widén, em entrevista à Bloomberg Línea. “Já falávamos sobre a captação, mas as coisas mudaram. Então tivemos um período em que conversamos com a diretoria e investidores olhando o que estava acontecendo com outras fintechs. Nossa estratégia tinha que mudar”.
A FinanZero tentou termos e avaliações um pouco mais altas em negociações com investidores antes da guerra na Ucrânia, mas Widén diz estar satisfeito por ter levantado o dinheiro em um momento desafiador para as startups.
“Conversei com muitos fundadores e empreendedores, é um momento extremamente difícil agora. Não há tempo para um empreendedor, você precisa do seu runway. As empresas de crescimento trabalham com uma pista tão curta entre as rodadas de investidores, é meio louco, para ser honesto.”
Agora, Widén conta que espera ter um negócio sustentável e ainda ter o controle dele. “São novos desafios para as startups, mas talvez também seja um ajuste que faça sentido para o mercado com algumas avaliações malucas anteriormente”, disse.
O novo investimento vem com o compromisso de pensar em sustentabilidade no negócio e ter um caminho claro para atingir o breakeven em 2023.
A FinanZero tem 80 funcionários e diz que vem ajustando sua taxa de queima de dinheiro e promete lucratividade em vez de crescimento para seus investidores.
“Ainda esperamos um forte crescimento este ano. Mas a mentalidade mudou, estamos focando um pouco menos nesse volume, trazendo mais valor com o que temos”, disse Widén.
Widén comenta que, embora não tenha feito grandes demissões, a fintech está revisando as pessoas, já que está trabalhando com volumes menores mensalmente. Contudo, ao mesmo tempo, a empresa levantou dinheiro para contratar pessoas de tecnologia.
“Estamos planejando e já ajustamos o orçamento de mídia e o orçamento de marketing. É parte de nossos gastos, investir esse dinheiro de maneira inteligente e, para ser honesto, mostrar o respeito do dinheiro aos nossos acionistas, nossos investidores e fazer com que ele dure mais”.
Se antes a FinanZero investia milhões em marketing na TV brasileira, agora Widén diz que a marca é forte o suficiente. “Ainda temos muita gente chegando”, disse, acrescentando que mesmo não investindo tanto em marketing, a fintech teve um retorno de 100% sobre a mídia investida no passado.
A empresa diz que usará o dinheiro para continuar investindo em tecnologia para ter tantos dados que os bancos precisem trabalhar com a fintech e usar o score da FinanZero para conceder crédito.
A FinanZero diz ter atualmente uma base de dados com 31 milhões de pedidos de crédito efetuados e, mensalmente, chega a cerca de 1,5 milhão de pedidos de crédito efetuados, um aumento de 82% nos pedidos de crédito para os seis meses de 2022 em comparação com o mesmo período em 2021.
Hitch
A startup mexicana de recursos humanos Hitch levantou US$ 1,5 milhão em uma rodada pré-seed co-liderada pela Evergreen Mountain Equity Partners e StartFast Ventures, que também contou com a participação de outros fundos de capital de risco e investidores-anjo, incluindo Pareto Ventures, Stevon Darling e Rahul Desai, entre outros.
Cofundada em 2020, a Hitch trabalha com processos de recrutamento e seleção para torná-los mais eficientes, simples e assertivos por meio da Inteligência Artificial.
“Percebemos que a contratação de novos talentos nas empresas, a rotatividade precoce e a falta de soluções digitais é um problema grande e caro”, disse Gabriela Ceballos, CEO e cofundadora da Hitch.
Ceballos quer que a Hitch opere processos de contratação transparentes e imparciais.
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