No pós-pandemia, Rubaiyat retoma expansão com empório e bandeira na Europa

Grupo tradicional investe em lojas junto aos restaurantes e em marca de pizzas na Espanha e em Portugal, sob liderança da terceira geração da família Iglesias

Empório Figueira e a estratégia de aproximação ao lado de um dos restaurantes mais tradicionais de São Paulo, nos Jardins
30 de Julho, 2022 | 02:46 PM

Bloomberg Línea — Um ano antes da pandemia, em janeiro de 2019, o Grupo Rubaiyat fechou as portas do seu tradicional restaurante na Alameda Santos, em São Paulo, para dar lugar a um prédio que abrigaria um hotel. O plano era criar um espaço anexo ao empreendimento, mas a pandemia causou uma mudança de rota, e o tradicional grupo optou por reduzir a operação no momento mais crítico da crise sanitária.

Três anos e meio depois, os planos são outros e estão saindo do papel. O Rubaiyat, fundado em 1957 e que se tornou sinônimo de carne em São Paulo e outras capitais muito antes da onda recente de steak houses e influenciadores em redes sociais, acaba de inaugurar um empório ao lado do Figueira Rubaiyat, nos Jardins, no conceito de casa com degustação.

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Além disso, procura por um novo endereço em São Paulo, para se somar às outras duas já tradicionais unidades na capital paulista, o próprio Figueira e o Rubaiyat da Faria Lima, no Itaim Bibi.

Diego Iglesias, diretor executivo do Grupo Rubaiyat, contou em entrevista à Bloomberg Línea que a concepção do modelo de negócios do empório nasceu antes da pandemia, mas que os planos precisaram ser adiados. Desta vez, o objetivo é expandir o negócio para lojas de rua e também junto aos demais restaurantes no país: além de São Paulo, um no Rio de Janeiro e outro em Brasília.

O grupo tem hoje casas também na Argentina, no Chile e na Espanha, com receita estimada de R$ 120 milhões a R$ 130 milhões apenas para a operação brasileira em 2022. Iglesias disse que todo o investimento será feito com caixa próprio. Em 2012, o grupo vendeu parte das operações para o fundo espanhol de private equity Mercapital, mas recomprou em 2017, voltando a ser uma empresa familiar.

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Iglesias, que é neto de Belarmino Fernandez Iglesias, fundador da rede morto em 2017, lidera os negócios da família junto com o irmão, Victor. Ele explica que, inicialmente, o plano era manter o foco em produtos da culinária espanhola, país de origem da família. Mas houve nova mudança: depois de intensa pesquisa de mercado, a família optou por “vender o Brasil”, nas palavras dele, com produtos de pequenos produtores parceiros, além de itens disponíveis nos restaurantes da rede.

“Em questão de qualidade, o Brasil está muito perto do que a Europa faz há anos”, diz. Iglesias conta que, na Europa, o conceito de restaurante com empório próprio é bastante comum e que “a ideia da comodidade de levar um produto do Rubaiyat para casa ou para uma viagem” prevaleceu.

O negócio teve investimento de R$ 1 milhão, sem contar decoração e maquinário, com uma estética similar à dos restaurantes, com itens produzidos na marcenaria da fazenda da própria família. Dos itens vendidos, cerca de 70% são de fabricação própria, frescos e sem conservantes.

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Primeira unidade da mercearia fica em espaço anexo ao Figueira Rubaiyat da rua Haddock Lobo, nos Jardins

Entre os produtos frescos oferecidos estão as carnes, que são enviadas, em sua maioria, da fazenda da família em Dourados, no Mato Grosso. A peça mais cara é a carne de Wagyu, que custa em torno de R$ 600 o quilo. Queijos vêm de diferentes regiões do Brasil e são produzidos por pequenos produtores parceiros. O empório oferece ainda doces, pastas, pães e itens de decoração, como peças de cerâmica, facas, aventais e tábuas artesanais.

Tempo de cautela também

A abertura de empórios antecede uma possível retomada da expansão internacional do Grupo Rubaiyat, algo que se tornou mais aconselhável em tempos de incertezas amplificadas. “Meu pai sempre disse que não fazer nada às vezes é a melhor coisa que tem”, disse Diego Iglesias sobre a chegada a outras cidades e países, algo que deve ficar para 2023.

Segundo ele, o tíquete médio de todas as unidades no Brasil aumentou diante do que descreve como demanda reprimida. “Os clientes estão gastando mais. Mas não sei até que ponto essa nova forma de consumo vai seguir. Tenho dúvidas sobre por quanto tempo isso é sustentável”, disse.

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Mesmo assim, há outras iniciativas em paralelo. O grupo lançou recentemente uma bandeira novo em parceria com Deco Lima, criador da pizzaria Bráz, de São Paulo, chamada San Paolo Pizza. A marca explora pizzas no estilo napolitano e vai se concentrar no mercado europeu, com foco na Espanha, onde já possui uma unidade em Madri, e em Portugal.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.