Bloomberg Línea — A quinta-feira (28) começa com mercados repercutindo a decisão de política monetária do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, no dia anterior, e com os futuros do Ibovespa recuando em um movimento similar aos futuros americanos, com os índices devolvendo partes do ganhos do forte rali da quarta. Destaque também para o inflamado cenário político doméstico e para os números do PIB dos EUA, que mostrou contração pelo segundo trimestre consecutivo e que deve ditar o tom dos mercados no dia de hoje.
1. Política em voga
A pesquisa do instituto DataFolha, divulgada na quarta-feira (27), mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem vantagem entre o eleitorado jovem em pelo menos 12 das maiores capitais brasileiras, onde avança com 51% das intenções de voto. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 20%.
A carta pela democracia, assinada por banqueiros, CEOs, juristas e outros profissionais, já ultrapassa mais de 100 mil assinaturas, com apoio massivo também da população civil. Enquanto isso, parlamentares aliados ao presidente Bolsonaro voltaram a articular uma proposta de emenda à Constituição, PEC, para blindar os ex-presidentes da República, com o intuito de evitar que sejam alvos de prisão quando deixarem os cargos. A PEC discute conceder uma espécie de cargo vitalício de senador aos ex-presidentes.
2. Digerindo o Fed
O Federal Reserve, o banco central americano, anunciou ontem um novo aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros do país, para o intervalo de 2,25% a 2,5%, em linha com as expectativas de mercado. O presidente do banco central, Jerome Powell está tentando conter a inflação mais alta em 40 anos em meio a críticas de que ele demorou a responder ao aumento dos preços no ano passado, agitando os mercados financeiros com a preocupação dos investidores de que o Fed possa desencadear uma recessão.
Os investidores monitoram cada vez mais atentos as tentativas do Fed de domar os preços, que continuam subindo, e se isso pode levar a economia para uma recessão - se é que já não estamos em uma. Powell, por sua vez, afirmou ontem em coletiva de imprensa que a economia americana não está em uma recessão.
3. Mercados
O Ibovespa futuro acompanhava a queda dos futuros americanos. Por lá, os investidores embolsam ganhos do rali do dia anterior, depois de uma segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual do Federal Reserve, o banco central americano. Os futuros atrelados ao Dow Jones, Nasdaq e S&P caíam 0,15%, 0,56% e 0,22%, respectivamente. Destaque para a Meta (FB) no pré-mercado, que caía quase 6% depois de reportar seus resultados no dia anterior. A empresa perdeu receita e prevê um próximo trimestre de quedas nas vendas “refletindo o ambiente de fraca demanda por publicidade”, disse a empresa.
Nesta manhã, o Dollar Index, que mede o valor do dólar americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, subia 0,44%. Já na Europa, os mercados operavam em direções mistas, com os investidores ainda digerindo a decisão de juros do Fed no dia anterior e a série de números corporativos da semana. O FTSE caía 0,08%, e o Stoxx600 subia 0,53%.
4. Manchetes do dia
- Estadão: Governo Bolsonaro age para convencer TSE a atender sugestões de militares sobre urnas
- Folha de S. Paulo: Site de carta pela democracia sofre mais de 1.500 ataques hackers
- O Globo: Líder do governo pediu dinheiro a empresário e ofereceu ajuda no Inmetro, indicam trocas de mensagens
- Valor: Fundos atraem empresas em busca de ganhos com a alta das taxas de juros nos EUA
5. Agenda
Por aqui, a agenda de indicadores e balanços do dia reserva números importantes, a começar pelo IGP-M, que calcula preços ao produtor, consumidor e construção civil, divulgado às 8h00, e que veio abaixo da expectativa dos analistas. De acordo com a FGV, o índice registrou alta de 0,21% em julho ante 0,59% no mês imediatamente anterior. Na sequência, às 9h00, saíram os números do IPP, Índice de Preços ao Produtor de junho, alta de 1,00% ante 1,83% na última leitura. Às 14h00, saem também os dados de junho relativos à criação formal de empregos, o Caged. Destaque para os números da Petrobras (PETR3, PETR4) e da Vale (VALE3), que serão divulgados após o fechamento do mercado, além dos resultados da Ecorodovias (ECOR3), Hypera (HYPE3) e Multiplan (MULT3).
No cenário exterior, destaque para a inflação na Alemanha, alta de 7,5% ante projeção de 7,4%, e os dados do PIB americano, às 9h30, que registrou queda de 0,9% - a segunda queda consecutiva, e que pode aumentar os temores de uma recessão.
Na safra de balaços do dia, estão Samsung, Apple, Amazon, Nestle, Pfizer, Merck, Thermo Fisher Scientific, L’Oreal, Comcast, Intel, Shell, Linde, TotalEnergies, Sanofi, Honeywell, AB InBev, Volkswagen, Schneider Electric, Air Liquide, Enel, Valero, Santander, EDF, Stellantis, Anglo American, STMicroelectronics, Capgemini, Telefonica, Barclays, PG&E, ArcelorMittal, EDP, BT, Repsol, Roku, First Solar, Hertz.
E também...
O petróleo subia em mais uma sessão de ganhos, depois da divulgação de uma queda significativa nos estoques dos Estados Unidos, seguindo também uma perspectiva de um ritmo mais lento de alta de juros pelo Federal Reserve. O petróleo tipo Brent avançava 1,68%, e o WTI tinha alta de 2,59% perto das 8h40. Ben van Beurden, presidente da Shell, disse que é mais provável que os preços do petróleo subam do que caiam, já que o aperto na oferta supera os riscos à demanda. Já os preços do minério de ferro subiam mais uma vez - a quinta sessão consecutiva - alta de 7,16%.
E por falar em commodities, ontem a Petrobras (PETR3, PETR4) fez um novo anúncio sobre a política de preços. Em fato relevante, a estatal reafirmou a competência de sua diretoria executiva na execução da política de preços, mas disse que o conselho de administração receberá reporte trimestral sobre o assunto para supervisão. Analistas ouvidos pela Bloomberg Línea consideram o anúncio sem efeito prático.
--Com informações da Bloomberg News
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