São Paulo — Primeiro banco a divulgar o resultado financeiro do segundo trimestre na B3, o Santander Brasil (SANB11) apresentou tendências negativas no período, segundo analistas, que citaram o aumento das despesas com provisões e o ambiente econômico com maior risco de calote. O comando do banco considerou, no entanto, que a inadimplência está sob controle, e as perspectivas são positivas, prevendo a abertura de 70 novas agências no ano e lançamento de novos produtos.
Em teleconferência, o CEO do Santander Brasil, Mário Leão, disse que, desde setembro do ano passado, o banco toma precauções para evitar uma deterioração da qualidade das carteiras de crédito e que portfólios voltados para pessoas físicas e pequenas empresas apresentam inadimplência maior do que os de clientes do segmento corporate, empresas de médio porte e companhias globais.
A instituição financeira registrou um lucro líquido de R$ 4,1 bilhões de abril e junho, um aumento de 2% na variação trimestral e uma queda de 2,1% na variação anual.
“Em nossa opinião, o Santander Brasil apresentou tendências principalmente negativas no 2T22, uma vez que a ligeira expansão trimestral foi impulsionada principalmente pelos impactos de decisões judiciais, reversão de provisões cíveis/trabalhistas e uma baixa alíquota efetiva no trimestre”, comentou o Bradesco BBI em relatório sobre o balanço.
Essa leitura também ecoou em outros relatórios. “O lucro líquido foi puramente não-operacional”, avaliou o Itaú BBA, também em alusão à reversão de provisões com processos judiciais.
O CFO do Santander, Angel Santodomingo, acrescentou que o banco tem feito renegociações com devedores e comunicado ao mercado, reforçando que os níveis de inadimplência ficaram estáveis e que o cenário macroeconômico dá sinais de melhora.
“A economia brasileira está se comportando melhor do que o esperado”, disse Santodomingo, lembrando que o banco trabalha com uma previsão de crescimento do PIB do país de 2% para 2022, com a taxa Selic encerrando o período em 14,25% ao ano, acima dos atuais 13,25%.
Analistas destacaram o “nível elevado” de renegociações do Santander no período, de aproximadamente R$ 4 bilhões, anotou o relatório do Itaú BBA.
“As provisões tiveram um crescimento significativo no trimestre, apesar dos NPLs – taxa de inadimplência - estáveis, o que poderia sugerir que o índice de NPL e a formação estão distorcidos por renegociações significativas, em nossa visão”, citou o Bradesco BBI.
O CEO do Santander comentou que não espera uma deterioração adicional nos índices de inadimplência, porque há uma gestão contínua dos portfólios e que, em algumas carteiras de menor risco, a previsão é de crescimento. “Continuamos expandindo nossos negócios com garantias”.
Um das novidades em estudo pela matriz espanhola é a aposta na oferta de criptoativos. “Estamos debatendo isso bastante. Temos a intenção de nos posicionar nessas transações. É um mercado que veio para ficar. Em poucos meses, podemos ter definições”, afirmou Leão.
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