Opinión - Bloomberg

Geração Z está despreocupada com dinheiro – seria essa a melhor abordagem?

Quando estamos na casa dos 20 anos, não temos apenas duas escolhas – ser poupador ou esbanjador; é possível conciliá-las

É possível equilibrar desejo por criar lembranças durante os 20 e poucos e necessidade de estabelecer uma boa base financeira
Tempo de leitura: 4 minutos

Bloomberg Opinion — A leva atual de jovens com 20 e poucos anos – cuja maioria pertence à geração Z – aparentemente está seguindo à antiga tradição de curtir a vida na juventude e não se preocupar com as economias.

Uma tendência que tomou conta do TikTok envolveu pessoas que compartilharam vídeos e fotos de viagens com o texto: “eu vou recuperar meu dinheiro, mas nunca mais...” Uma tela preta traz mais texto: “...terei 20 anos e irei para uma praia isolada na Albânia novamente”.

Esse sentimento parece surgir em todas as gerações. O problema é que é uma sensação mal orientada.

É um mito que você tem apenas duas opções sobre seu dinheiro em seus 20 anos – ou você está completamente focado e poupa para seu futuro, ou você está pensando que só se vive uma vez – curtindo a vida, acumulando experiências inestimáveis (e provavelmente dívidas) e planejando ficar mais prudente financeiramente posteriormente.

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Na verdade, é possível economizar para o futuro e ir para uma praia isolada na Albânia ou viajar pelos Alpes Suíços. Dependendo de sua situação financeira particular, curtir a vida pode ser mais econômico. Você só precisa pensar estrategicamente sobre seu dinheiro e suas ambições – ou seja, estabelecer metas e se ater a um orçamento que lhe permita alcançá-las.

Fazer um balanço de seu fluxo de caixa e criar um plano de gastos pode ajudar a evitar oscilações financeiras entre sempre esbanjar ou sempre economizar. Em vez disso, você pode ter uma vida de estabilidade e escolha.

Uma verdade importante dessa tendência é a de “recuperar o dinheiro”. É verdade que muitos terão aumentos e promoções em suas carreiras. Mas também vale lembrar que a vida não fica mais barata conforme sua idade avança. Suas despesas geralmente também aumentam – você pode querer comprar uma casa, adotar alguns cães, fazer uma festa de casamento, fazer viagens luxuosas, comprar roupas melhores e alimentos mais gostosos, ter um ou dois filhos, talvez até tirar um ano sabático do trabalho. E é provável que você venha a ter problemas de saúde ou precise sustentar financeiramente um ente querido.

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O excesso de gastos no início da vida pode criar um precedente que você não conseguirá necessariamente manter sem prejudicar financeiramente a si mesmo no futuro.

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Eis um exemplo: filhos. Já ouvi de um colega que é casado, mas não tem filhos, que “se não tiver filhos, você entra na casa dos 30 anos como se fosse os 20 anos, mas com dinheiro”. Expandir uma família é uma despesa enorme, especialmente nos Estados Unidos, que teve um aumento na taxa de mortalidade materna, não oferece licença maternidade remunerada obrigatória e oferece opções de cuidados infantis extremamente caras para pais trabalhadores.

Isso não significa que você não deve curtir a vida aos 20 e poucos. Você ainda pode ter aventuras e viver uma vida plena enquanto trabalha para criar uma base financeira sólida. Isso pode significar apenas fazer escolhas financeiras diárias que lhe permitam guardar dinheiro para seus objetivos futuros ou optar por uma versão econômica de seu sonho hoje, em vez do luxo que vai afetar suas economias.

O importante é ser intencional. Se quiser a liberdade de tirar aquelas férias naquele país badalado, guarde dinheiro para isso. Isso deveria fazer parte de seu plano de gastos (seu orçamento). Se puder, economize todos os meses para uma viagem e guarde dinheiro para amortizar suas dívidas, criar uma reserva de emergência e investir em um plano de aposentadoria.

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Veja como funciona na prática: comece com uma lista de seus custos mensais (aluguel, serviços públicos, transporte, supermercado, dívidas, etc.). Anote sua renda líquida mensal e subtraia seus custos mensais. É importante fazer suas economias antes que seu salário caia na sua conta, assim você já risca um item de sua lista de afazeres. Em uma situação ideal, sua renda deve ser superior às suas despesas mensais.

Supondo que haja um excedente, você pode decidir exatamente para onde direcionar esse dinheiro a cada mês após quitar suas despesas básicas. Isso pode incluir economias para viagens, jantares ou shows. Na verdade, isso pode incluir o que quiser – o objetivo é ficar dentro do orçamento.

Você conseguirá fazer absolutamente tudo ou comprar o que você quiser o tempo todo? Não. Mas manter o controle pode ajudá-lo a estabelecer prioridades e fazer sacrifícios dos quais você não se arrependerá mais tarde.

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Esse tipo de planejamento me permitiu viajar para outros países quando eu tinha 20 e poucos anos e ao mesmo tempo economizava, investia e ajudava meu esposo a quitar suas dívidas. O fato de que eu sempre fazia bicos e direcionava essa renda para meus “objetivos de diversão” também ajudou. Não há necessidade de postergar o momento de “recuperar o dinheiro”.

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É fácil ficar obcecado com a dicotomia de economia e gastos desenfreados. Mas é muito mais gratificante discernir o que você realmente acha importante. Somos constantemente bombardeados com mensagens sobre o que devemos valorizar e buscar, mas muito disso é marketing e pressão social. Será que nadar em uma praia isolada na Albânia é atraente para você? Talvez viajar não seja o seu forte e você prefira investir mais em um hobby. Focar em seus valores esclarecerá como você deve gastar, economizar e investir seu dinheiro. Dispense o que não quiser e inclua o que for importante em seu orçamento.

O futuro não está garantido, então crie lembranças e viva a vida. Mas se proteja financeiramente caso você viva a velhice.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Erin Lowry é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre finanças pessoais. É autora da série “Broke Millennial”.

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