Auxílio, Copa e Oxxo: como o Carrefour pretende crescer até o fim do ano

Injeção de recursos com benefícios sociais e hábito de trocar TV antes do Mundial devem ajudar no faturamento, segundo CFO, David Murciano

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São Paulo — O varejo de supermercados do Brasil deve ter as vendas impulsionadas no segundo semestre com um contexto mais favorável ao consumo, como o início do pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600, previsto para mês de agosto, e o hábito das famílias brasileiras de trocar a TV às vésperas da Copa do Mundo para ver os jogos de futebol, a partir do dia 21 de novembro no Catar. A avaliação foi feita, no fim do dia na terça-feira (26), pelo CFO (executivo-chefe financeiro) do Carrefour Brasil (CRFB3), David Murciano, ao comentar os resultados financeiros do segundo trimestre em teleconferência.

Nas últimas semanas, vimos uma melhora progressiva em eletrodomésticos. Vamos ter a Copa do Mundo e esse é um momento forte de consumo”, afirmou o executivo, sem citar números.

Ele lembrou que o segmento de eletrodomésticos teve um crescimento muito forte de vendas nos dois primeiros anos da pandemia, um reflexo da adoção do home office pelas empresas e da maior permanência das pessoas em suas residências devido às restrições de mobilidade.

Mas no contexto complicado do consumo para o brasileiro, com a inflação, esse setor está sofrendo muito”, ressalvou Murciano, acrescentando que, apesar da recuperação das últimas semanas, a companhia ainda não pode confirmar que o movimento será suficiente para uma melhora do resultado anual do segmento de eletrodomésticos.

De abril a junho, as vendas de eletrodomésticos do Carrefour recuaram 7,4% na comparação com igual período do ano passado, somando R$ 958 milhões.

Além do efeito Copa do Mundo, o grupo varejista de origem francesa aposta no impacto positivo da nova rodada de programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, para sustentar o ritmo de crescimento de vendas no Brasil.

Quando tivemos o auxílio emergencial nos períodos anteriores, isso ajudou. Não temos um número agora, mas isso terá um efeito positivo para o consumidor”, garantiu o CFO.

A estratégia de crescimento do grupo é continuar ampliando a oferta de produtos mais baratos, de marcas próprias, que já possuem uma penetração de 20% no mercado brasileiro. Na Europa, esse percentual chega a 30%, sinalizando, segundo o executivo, espaço para a participação de marcas próprias crescer ainda mais no país.

Oxxo

Além da captura de ganhos de sinergias com a integração do Grupo Big, iniciada em junho e que amplia a presença do Carrefour nas regiões Sul e Nordeste, a operação brasileira do Carrefour pretende abrir mais lojas menores no formato express até o fim do ano, um modelo amplamente adotado pela Oxxo, da mexicana Femsa, que se multiplicam por capitais como São Paulo.

“Consideramos o Oxxo como um competidor, porque vendem alimentos. Temos nosso modelo de lojas express. Estamos seguindo com a expansão de lojas express tanto no formato de rua como no formato de lojas autônomas em condomínios”, comentou o executivo.

Ele disse que a abertura de mais lojas menores, nos bairros, é uma resposta à expansão do formato do Oxxo. “Ainda é um modelo novo para nós. Temos que testar, que melhorar muitas coisas, antes da expansão acelerada do modelo de lojas autônomas”, afirmou o CFO.

Murciano disse que outra resposta ao modelo do Oxxo é o reforço da operação digital, com tempo menor de entrega das compras fechadas pelos canais de delivery, além do foco na expansão dos atacarejos (Atacadão) e do formato de clube de compras do Sam’s Club, adquirido com o pacote de marcas do grupo Big, como Bompreço e Maxxi Atacado.

“Vamos seguir abrindo lojas orgânicas. Temos 20 novas unidades previstas”, previu o executivo.

Integração

A integração dos ativos do Big prevê a conversão de 13 lojas em Atacadão e outras 3 em Carrefour nos próximos meses. Cortes de pessoal não foram descartados, mas essa será uma decisão que ainda dependerá de um anúncio oficial pelo grupo.

No segundo trimestre, o Carrefour Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 600 milhões, com crescimento de 1,3% na comparação anual. O Ebitda (indicador de geração de caixa operacional) ajustado atingiu R$ 1,7 bilhão, com aumento de 24,5% na base anual, e as vendas brutas somaram R$ 26,5 bilhões (+35,6%). A margem bruta caiu de 20,4% para 19% no segundo trimestre na comparação com igual período do ano passado.

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