Alphabet e Microsoft dão esperanças de que techs podem superar receio com recessão

Empresas deram previsões encorajadoras para o ano fiscal atual, acalmando os temores de que o dólar forte e uma economia enfraquecida arruinariam as vendas

Ambas as empresas negociavam em alta no início do pré-mercado americano desta quarta, perto das 8h, horário de Brasília, após a divulgação dos resultados
Por Julia Love
27 de Julho, 2022 | 08:13 AM
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Bloomberg — A Alphabet (GOOG), controladora do Google, e a Microsoft (MSFT) divulgaram crescimentos de receita trimestral de dois dígitos nesta terça-feira (26), expressando otimismo em relação aos próximos meses e tranquilizando investidores receosos com o setor de tecnologia na segunda metade do ano.

Ambas as empresas negociavam em alta no início do pré-mercado americano desta quarta, perto das 8h, horário de Brasília. As ações da Alphabet subiam 4%, enquanto as da Microsoft avançavam 3,8%.

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A divulgação dos resultados das gigantes techs dos Estados Unidos definem o tom para uma semana que incluirá divulgações de peso, como Meta (FB), Qualcomm (QCOM), Apple (AAPL), Amazon (AMZN) e Intel (INTC).

A Microsoft deu uma previsão de vendas encorajadora para o ano fiscal atual, acalmando os temores de que o dólar forte e uma economia enfraquecida arruinariam as vendas. A fabricante de chips Texas Instruments, que também divulgou resultado nesta terça, reiterou a previsão otimista, indicando que as vendas e o lucro neste trimestre provavelmente excederiam as estimativas de Wall Street. Já a Alphabet mostrou uma receita de publicidade que superou as expectativas dos analistas.

A desaceleração da publicidade online foi uma preocupação particular dos investidores, que arrastaram para baixo as ações da Snap (SNAP) e do Twitter (TWTR) após a apresentação dos respectivos balanços na semana passada.

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“Eu interpretaria este relatório como um suspiro de alívio”, disse Dan Morgan, gerente sênior de portfólio da Synovus Trust, sobre os resultados da Alphabet. “Você está olhando para um ambiente em que as taxas gerais de gastos com anúncios estão definitivamente diminuindo, mas o Google ainda conseguiu entregar acima e além.”

Os três relatórios refletiram a resiliência subjacente, se não a força total, em quatro dos principais pilares do setor: publicidade digital, computação em nuvem, gastos com tecnologia da informação e chips. Ainda assim, nem tudo foram boas notícias. A alta do dólar americano, que reduz o valor das vendas externas, está corroendo a receita - especialmente na Microsoft. E a Texas Instruments viu uma demanda mais fraca por chips em produtos de consumo.

A Alphabet ficou abaixo das estimativas dos analistas para o YouTube e os negócios de nuvem. Os lucros da empresa também decepcionaram: o lucro foi de US$ 1,21 por ação, em comparação com uma estimativa de US$ 1,32.

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As empresas apontaram ainda para os obstáculos ao crescimento nos próximos meses. Os anunciantes começaram a reduzir os gastos, tomando cuidado em um ambiente econômico incerto. A diretora financeira da Alphabet, Ruth Porat, usou o termo “ad pullback”, ou retirada de anúncios, na tradução do inglês, várias vezes em uma teleconferência com analistas. “Está claro que o Google teve seu trabalho cortado na segunda metade do ano”, disse a analista Evelyn Mitchell, da Insider Intelligence.

Mesmo assim, os investidores ficaram animados com o tom geral das observações do Google. O mercado de publicidade em buscas é mais resiliente do que o de anúncios nas mídias sociais, isolando os negócios do Google em relação a concorrentes como Snap e Facebook.

Na Microsoft, a empresa assinou um número recorde de contratos de nuvem da Azure no valor de mais de US$ 100 milhões, disse a CFO Amy Hood em entrevista. As reservas comerciais, uma medida de vendas futuras para clientes corporativos, foram “significativamente” melhores do que a empresa esperava, aumentando 25%, uma indicação de que a demanda corporativa por software da Microsoft permaneceu forte no trimestre, acrescentou Hood.

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A Texas Instruments, uma das maiores fabricantes de chips do mundo, disse que a demanda por semicondutores usados em máquinas e veículos industriais é forte. Também viu uma recuperação na China depois que esse país começou a suspender os bloqueios relacionados à Covid.

--Com a colaboração de Ian King, Sohee Kim, Dina Bass e Davey Alba

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