Nubank acelera aposta em cripto enquanto ações e fortuna do CEO despencam

Fintech atinge 1 milhão de clientes na categoria de ativos dentro de estratégia para ampliar número de produtos que podem rentabilizar a operação

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São Paulo — O Nubank (NU) disse que atingiu a marca de 1 milhão de usuários de criptos em menos de um mês desde que seu serviço de compra e venda dessa categoria de ativos foi estendida para todos os clientes, no fim de junho.

A maior fintech da América Latina começou a oferecer bitcoin e ethereum em maio, em parceria com a blockchain Paxos Trust.

A Paxos também trabalha com gigantes do setor financeiro como PayPal e Mastercard e fornece serviços de criptos para o Mercado Pago, a fintech do Mercado Livre, que disse também ter alcançado a marca de 1 milhão de usuários de criptoativos em fevereiro deste ano.

A ofensiva do Nubank em criptos representa um passo importante na estratégia do banco digital de acelerar o número de produtos que podem ajudar a rentabilizar a relação com os clientes. Esse lançamento foi destacado pelo CEO e cofundador, David Vélez, na conferência de resultados do primeiro trimestre em maio, junto com a ferramenta de pagamentos dentro do app do banco, o NuPay.

Na ocasião, tanto Vélez como o CFO, Guilherme Lago, disseram que o banco havia detectado uma tendência significativa de interesse dos clientes por criptoativos, incluindo transferências para outras plataformas.

Também em maio, o valor de mercado do Nubank despencou para o equivalente a quase 1/3 do que havia alcançado no IPO (oferta pública inicial de ações) em dezembro passado, com os ventos macroeconômicos contrários - alta de juros - que impactaram empresas de tecnologia, em especial fintechs.

A ação da empresa esteve pressionada com o fim do lock-up (restrição para venda) no dia 17 de maio. Naquela época, o CEO e cofundador do Nubank, David Vélez, tinha perdido quase US$ 4 bilhões de seu patrimônio, em linha com a desvalorização das ações do banco, para um montante estimado em US$ 5,2 bilhões no início de maio, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Com o fim do lock-up, a Sequoia, maior acionista do Nubank, cumpriu o que havia prometido e não desmontou a posição. Mas os outros grandes investidores, como a Tiger Global e a Dragoneer, venderam parte das ações no dia 31 de maio, segundo informações do terminal da Bloomberg.

A Tiger vendeu 11.193.094 de ações e passou a deter 7,25% do Nubank, enquanto a Dragoneer vendeu 1.405.698 de ações e agora possui 4,37%.

Nesta terça-feira (26), Vélez já não integrava mais a lista das 500 pessoas mais ricas do mundo segundo o Bloomberg Billionaires Index, indicando que os ativos do CEO caíram pelo menos 5% desde maio. O último bilionário da lista tem hoje uma fortuna estimada em US$ 4,92 bilhões.

As ações do Nubank encerraram negociadas no fechamento desta terça-feira (26) a US$ 3,79, com queda de 58% em relação ao preço de US$ 9 na estreia na Bolsa de Nova York (NYSE).

O Nubank divulgará os resultados do segundo trimestre no dia 15 de agosto. Em relatório publicado na semana passada, o Bank of America (BAC) disse considerar que os resultados para os bancos digitais devem continuar pressionados pelo aumento dos custos de captação (com a alta dos juros), embora as bases de clientes devam continuar crescendo em ritmo sólido.

Já o BTG Pactual (BPAC11) disse, também na semana passada, que, dada a deterioração do ambiente macro, tanto local como fora do Brasil, o crescimento do crédito do Nubank deve desacelerar, principalmente a carteira de crédito pessoal, na qual a fintech vem aumentando as taxas de juros e ajustando os limites.

No segmento de cartões de crédito, os analistas do BTG apontam resultados fortes para o crescimento da carteira, impulsionados por novas funcionalidades de pagamento e pela subsidiária mexicana.

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