Desaceleração da China se espalha para economias exportadoras

Países como Alemanha e Coreia do Sul apresentaram déficits comerciais raros com a segunda maior economia do mundo

Una bandera nacional china frente al Gran Bazar Internacional de Xinjiang en Urumqi, provincia de Xinjiang, China, el miércoles 12 de mayo de 2021
Por Tom Hancock
26 de Julho, 2022 | 12:11 PM

Bloomberg — A desaceleração da China se espalha para os principais países exportadores da Europa e do Leste Asiático por meio da queda na demanda por produtos manufaturados, e já faz com que Alemanha e Coreia do Sul apresentem déficits comerciais raros com a segunda maior economia do mundo.

Com a elevação dos preços globais das commodities, o número oficial para o crescimento das importações chinesas de 1% em junho em relação ao ano anterior camufla um resultado pior para os produtos manufaturados. As importações de produtos de alta tecnologia e bens mecânicos e elétricos caíram cerca de 8% no mês passado, segundo dados da alfândega chinesa. Não parece ter havido uma melhora este mês, com uma queda nas exportações da Coreia do Sul para a China de 2,5% nos primeiros 20 dias de julho.

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Importações de maquinário e de produtos de tecnologia pela China despencaram

O declínio deveu-se principalmente ao impacto persistente dos bloqueios para prevenir infecções por Covid-19, que atingiram a confiança de consumidores e empresas, de acordo com Trinh Nguyen, economista de mercados emergentes asiáticos da Natixis. “Os países que estão diretamente expostos à demanda doméstica chinesa, especialmente por bens manufaturados, são mais vulneráveis”, disse ela.

O papel da China como impulsionadora da demanda global por commodities tende a ofuscar o fato de que a maioria de suas importações são produtos manufaturados, tanto para seu mercado interno quanto para montagem de produtos que são exportados. A Alemanha e a Coreia do Sul, que tiveram superávits comerciais com a China durante a maior parte da última década, tiveram déficits no mês passado, segundo dados chineses e coreanos.

A desaceleração da China “vem em um momento ruim para essas economias, pois elas também têm uma conta de importações cada vez maior, enquanto a demanda por suas exportações caiu drasticamente para seu principal cliente”, acrescentou Nguyen.

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Alemanha e Coreia do Sul têm visto déficits fora do padrão com a China

O que é pior ainda para esses países é que parte da desaceleração nas importações da China é estrutural. As exportações de veículos elétricos da China disparou este ano, e a cadeia de suprimentos de veículos elétricos está mais centrada no próprio país, reduzindo a demanda por autopeças de países como a Coreia do Sul, disse John Gong, professor da Universidade de Economia e Negócios Internacionais em Pequim.

“Os vencedores da pandemia, Coréia e Taiwan, passarão por um período bem difícil, já que a China, os semicondutores e o ciclo global de bens se tornam negativos”, disse Rory Green, chefe de pesquisa para Ásia da TS Lombard.

As exportações do Japão para a China se recuperaram em junho após declínios ano a ano em abril e maio, mas o crescimento pode ser de curta duração, disse Craig Botham, economista-chefe de China na Pantheon Macroeconomics. “Não há esperança para as exportações comuns voltadas para a demanda final, dada a situação péssima em que os consumidores chineses se encontram” e a demanda por bens intermediários também deve cair, disse.

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