Bloomberg — No mundo do trabalho freelance, onde cada um pode definir quanto ganha, as mulheres ainda ficam para trás.
Essa foi a conclusão de um estudo com quase 6.000 freelancers baseados nos Estados Unidos conduzido pela ZenBusiness, um serviço de administração de negócios com sede em Austin, no estado do Texas. O estudo descobriu que, em média, os freelancers do sexo masculino cobram 48% a mais por hora do que as mulheres.
Entre as seis áreas de trabalho freelance mais comuns, a discrepância salarial entre homens e mulheres foi mais ampla em administração, tecnologia da informação e atendimento ao cliente. As mulheres se destacaram apenas em desenvolvimento de software e ciência de dados, cobrando 22 centavos de dólar a mais por hora do que seus colegas masculinos.
A economia informal, que deve crescer para quase US$ 500 bilhões nos EUA ano que vem, foi reforçada por um número crescente de mulheres que priorizam flexibilidade sobre estabilidade. No entanto, mesmo em um sistema que promete maior liberdade e autonomia, a remuneração das mulheres fica defasada, ameaçando ampliar uma disparidade global de gênero que o Fórum Econômico Mundial diz que levará 132 anos para eliminar.
“É profundamente preocupante que as mulheres que trabalham de forma independente experimentem grandes disparidades salariais”, disse Rafael Espinal, diretor executivo do sindicato dos freelancers nos EUA.
Os engenheiros de desenvolvimento de sistemas tiveram a maior diferença salarial das 67 funções analisadas no estudo, que revisaram milhares de perfis na plataforma Upwork de usuários com pelo menos 100 horas de trabalho nos últimos seis meses. Engenheiros do sexo masculino cobraram, em média, mais de US$ 100 a mais por hora e ganharam mais de três vezes o pago a pares do sexo feminino.
Outros tipos de trabalho com as piores lacunas incluem administradores de sistema, profissionais de marketing por e-mail, desenvolvedores de sites de e-commerce e testadores de automação.
O desequilíbrio é impressionante, principalmente porque quase três quartos das mulheres que optam por trabalhar de forma independente optam por fazê-lo para evitar o chamado “teto de vidro”, de acordo com uma pesquisa de 2018 da empresa de software de contabilidade FreshBooks.
Kellie McElhaney, diretora do centro para equidade, gênero e liderança da Universidade de Berkeley, descobriu que seus colegas homens cobram de 40% a 60% a mais por serviços de consultoria do que ela. Um professor disse a ela que calcula o tempo que um projeto levará, leva em consideração sua tarifa horária e, em seguida, aumenta em 40%.
Ela se preocupa que se ela cobrar tanto, o tiro vai sair pela culatra. “Há um medo da minha parte de que eles vão pensar que eu sou absolutamente maluca se eu cobrar esse preço.”
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