Bloomberg — Pessoas infectadas pela varíola dos macacos no mundo todo estão enfrentando sintomas normalmente não ligados ao vírus, levando a diagnósticos equivocados, disseram pesquisadores.
Os médicos estão relatando alguns pacientes com apenas feridas únicas da doença, às vezes na boca, ânus ou genitais, de acordo com um estudo divulgado na quinta-feira (21) pelo New England Journal of Medicine.
Esses sintomas não seguem a definição de varíola dos macacos definida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. “O reconhecimento de casos é vital e não estamos equipados para realmente reconhecer a doença”, disse Chloe Orkin, professora de medicina com foco em HIV na Universidade Queen Mary, em Londres, e principal autora do estudo.
Ao todo, o vírus já infectou mais de 15 mil pessoas no surto global, sendo cerca de 2,3 mil delas nos EUA. Historicamente, o vírus se espalhou principalmente pelo contato com animais infectados ou por contatos domésticos em áreas da África Ocidental e Central, onde é considerado endêmico.
Agora, contudo, o vírus está se espalhando principalmente por meio do contato íntimo entre homens que têm relações sexuais com outros homens.
Alguns departamentos de saúde dos EUA já alertaram os profissionais da área sobre os novos padrões de sintomas. Em comunicado divulgado no dia 18 de julho em Nova York, médicos descrevem “características atípicas” em alguns casos, incluindo um período de incubação reduzido, de dois a cinco dias, ausência de febre ou linfonodos inchados e a presença de apenas algumas lesões dispersas mais proeminentes no ânus e na área genital.
Sintomas facilmente confundidos
Em meio ao avanço no número de casos no mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou neste sábado (23) a varíola dos macacos uma doença de emergência global. O objetivo é atrair mais recursos e atenção para o surto, exigindo uma resposta global coordenada.
De acordo com John Thornhill, médico especializado em HIV e saúde sexual e professor da Universidade Queen Mary, as diferenças nos sintomas mostram que infecções pela varíola podem não ser identificadas ou até mesmo, ser facilmente confundidas com doenças sexualmente transmissíveis comuns, como sífilis ou herpes”. “Sugerimos, desta forma, ampliar as definições de caso atuais”, completou, em nota.
Conduzido em Londres, o estudo analisou 528 casos em 16 países e é o maior relatório sobre o tema até o momento. Quase todos os casos analisados eram de homens que têm relações sexuais com outros homens, ou que se identificam como homens gays e bissexuais.
Segundo Orkin, embora a varíola dos macacos cause sintomas mais graves em pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas com HIV, seu estudo não viu evidências de aumento da gravidade da doença entre os pacientes com HIV.
Embora se espalhe através do contato íntimo, a varíola dos macacos não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e ainda não está claro se ela se espalha através de fluidos sexuais, como o sêmen.
Além disso, por mais que o estudo tenha encontrado o vírus em 29 das 32 amostras de sêmen testadas, não foi demonstrado que os fluidos sejam infecciosos, dado que a maioria das amostras de sangue analisadas não testou positivo para o vírus.
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