Bloomberg Línea — Especialistas no ecossistema empreendedor dizem que as startups em estágio inicial são as mais anticíclicas e não vão sofrer os efeitos da crise do capital de risco. Por isso, essas são as empresas que vão continuar recebendo rodadas, segundo investidores.
Desde o primeiro trimestre de 2022, a tendência de recebimento da Série B e rodadas posteriores reverteu para capital semente, segundo dados da Latin American Private Equity Investment Association (LAVCA).
Como resultado, o percentual de transações em quase todos os países da América Latina aumentou, mas o valor acumulado diminuiu.
De acordo com o relatório semestral Transactional Track Record (TTR), além do Brasil, Colômbia e Peru são os vencedores em termos de número de transações de capital de risco e valor total. A Colômbia aumentou 63% em transações e 29% em capital captado: US$ 1,03 bilhão. Já o país andino teve um aumento de 57% no número de operações e um aumento de 32,74% na quantidade de rodadas.
Por outro lado, o Chile teve uma redução de 35% no capital levantado, a Argentina uma redução de 23% e o México teve uma redução de 14,35% na quantidade de recursos captados em relação ao mesmo período do ano passado.
Isso mostra que as rodadas iniciais são as que mais estão se mobilizando nesses meses. O investimento continua, mas com ingressos menores.
Esta semana, essas foram as rodadas iniciais que foram anunciadas na América Latina.
Educbank
O Educbank, fintech brasileira para escolas, levantou R$ 200 milhões (US$ 36 milhões) em uma rodada liderada pela Vasta e Marrakech Capital para expandir sua operação.
A fintech quer apoiar financeiramente escolas particulares no Brasil. “As escolas não têm acesso ao capital. As escolas têm o problema da inadimplência porque não podem descontinuar o atendimento do aluno que não paga a mensalidade ao longo do ano letivo”, disse Danilo Costa, fundador do Educbank, em entrevista à Bloomberg Línea.
Assim, a empresa fornece o financiamento às escolas por meio de um algoritmo para conhecer melhor as escolas que podem pagar no futuro. O serviço do Educbank cobra uma taxa pela mensalidade do aluno.
CAF
A brasileira Combate à Fraude (CAF), startup de prevenção de fraudes, arrecadou R$ 80 milhões em uma rodada da Série A liderada por Green e André Edelbrock, e Trevor Clarke, cofundadores da Ethoca.
A startup de autenticação tem grandes clientes de e-commerce no Brasil, como iFood e Magazine Luiza.
Arrenda
Desafiando as previsões de pequenos ingressos em meio à crise, esta semana a startup mexicana Arrenda, que oferece serviços financeiros para o mercado imobiliário, recebeu US$ 26,5 milhões em uma combinação de financiamento de capital e dívida. Esta é uma das maiores rodadas de estágio inicial levantadas recentemente.
A rodada foi liderada pelo fundo fintech inglês, Fasanara Capital, com a participação de Kube Ventures, ODX, Toehold Ventures, Wharton Fintech e Lightspeed Venture Partners Scout Fund, PRMM Inmobiliaria, e contou com a participação de investidores anjo da fintech e proptech indústria.
Atrevi, Reiro e DEFYCAP
A varejista mexicana Coppel e a aceleradora de startups Unreasonable Mexico organizaram o concurso CoCrea Lab voltado para projetos financeiros da geração Z em áreas como hábitos de poupança, investimentos inteligentes e gestão de finanças pessoais, entre outras.
O Atrevi é um app que motiva os usuários a investir constantemente para que possam viajar, comprar um carro, abrir um negócio ou economizar para a aposentadoria. Foi o primeiro colocado do concurso e recebeu um investimento inicial de MXN$ 60.000.
O Reiro facilita a poupança para a reforma através de um cartão de débito gratuito e acessível. A cada compra, é destinado um percentual mínimo para aposentadoria, que é mantido em fundo de investimento capitalizável. A empresa conquistou o segundo lugar e um investimento inicial de MXN$ 25.000.
DEFYCAP é um DAO (Organização Autônoma Descentralizada) para economizar e investir sem comissões. A empresa disponibiliza uma carteira digital e ganhou o terceiro lugar com MXN$ 15.000.
Leia também:
Bradesco BBI: China deve segurar demanda por metais mesmo com recessão
