Por que a exchange FTX quer comprar os ativos de uma plataforma de cripto falida

Acordo faria com que os clientes da Voyager pudessem receber a parcela antecipada de parte de suas reivindicações de falência

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Bloomberg — O bilionário americano de cripto Sam Bankman-Fried, fundador e CEO da exchange FTX, está propondo um acordo de reestruturação da Voyager Digital com o objetivo de atrair clientes da empresa de empréstimo e rendimento com ativos digitais, que entrou com pedido de falência em Nova York no início do mês.

Sob uma proposta bidirecional anunciada na sexta-feira (22), a Alameda Research, empresa de trading de Bankman-Fried, compraria todos os ativos digitais e empréstimos da Voyager – exceto aqueles relacionados ao fundo de hedge cripto Three Arrows Capital (3AC).

Ao mesmo tempo, a FTX, sua exchange de criptomoedas, ofereceria aos clientes da Voyager a opção de receber a parcela antecipada de parte de suas reivindicações de falência, abrindo uma nova conta na FTX.

A oferta atualmente não é vinculativa e não foi aceita pela Voyager, cujo porta-voz se recusou a comentar.

“Os clientes da Voyager não escolheram ser investidores de uma empresa falida, com créditos não garantidos”, disse Bankman-Fried. “O objetivo da nossa proposta conjunta é ajudar a resolver um negócio de criptomoedas insolvente – de forma que permita que os clientes obtenham liquidez antecipada e recuperem uma parte de seus ativos sem forçá-los a especular sobre os resultados da falência e riscos laterais.”

Segundo a proposta, qualquer cliente que não quiser aderir à FTX vai continuar com os direitos e reivindicações no processo de falência, mas não terá acesso antecipado a uma distribuição de seus recursos via FTX.

Estratégia acertada?

A Voyager entrou com pedido de proteção contra falência via “Chapter 11″ nos Estados Unidos no início de julho, semanas depois de obter uma linha de crédito da Alameda Research. Como parte da proposta, a Alameda anulará seu próprio crédito de US$ 75 milhões.

Em uma carta à Voyager, a FTX enfatizou que “o tempo é essencial” e que a boa vontade da empresa com seus clientes “está se deteriorando”. Segundo a FTX, ela se beneficiará “da oportunidade de construir relacionamentos com os novos clientes” se o negócio for concluído.

Na avaliação de Dan Matuszewski, cofundador da CMS Holdings, que investiu na FTX, a proposta é “uma boa jogada” que pode ajudar a FTX a aumentar sua participação de mercado. “Todos os clientes da Voyager estão nessa área cinzenta agora”, disse. “A capacidade de dar liquidez a essas pessoas – ou pelo menos a opção para isso – é enorme.”

Ele observou que a proposta também pode ajudar a FTX a expandir sua própria marca. “Parece que eles estão querendo dar mais passos para potencialmente colocar a Voyager totalmente dentro da FTX”, disse Matuszewski.

Nos últimos meses, Bankman-Fried aumentou o poder e a influência da FTX e da Alameda na indústria de criptomoedas por meio de uma série de aquisições e resgates executados durante o “inverno das criptomoedas”. A empresa está em negociações para comprar a Bithumb, uma exchange de criptomoedas sul-coreana, e está buscando captar novos financiamentos.

Alguns analistas da indústria criticam o crescente controle que Bankman-Fried tem sobre um setor que alguns acham que deveria ser descentralizado. Mas Bankman-Fried disse na sexta-feira (22) em entrevista à CNBC que segue aberto a novos acordos que possam ajudar a impulsionar a indústria cripto.

“Conseguimos nos ver gastando algumas centenas de milhões de dólares além do que já fizemos até agora”, disse.

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