Americanos se mudam para Europa em busca de moradia mais barata

Moradias baratas, principalmente em cidades menores, e o aumento do trabalho remoto impulsionam procura por países como Portugal e Grécia

Por

Bloomberg — Mais americanos estão se mudando para a Europa, levados para o outro lado do Atlântico pelo aumento do custo de vida, preços de imóveis inflados, um dólar forte e polarização política em casa.

Itália, Portugal, Espanha, Grécia e França estão entre os destinos mais populares. De acordo com a Sotheby’s International Realty, os pedidos de americanos que desejam se mudar para a Grécia aumentaram 40% no período de abril a junho em comparação com o ano anterior.

Na França e na Itália, a demanda de americanos é a mais alta em pelo menos três anos, de acordo com o especialista imobiliário da Knight Frank, Jack Harris. Os compradores dos Estados Unidos representaram 12% da receita italiana da Sotheby’s no primeiro trimestre, ante apenas 5% no mesmo período do ano passado.

Antes, aposentados e ricos eram os principais compradores americanos de imóveis na Europa. Mas moradias relativamente baratas – principalmente em cidades menores – e o aumento do trabalho remoto tornaram o continente atrativo para uma gama maior de pessoas, incluindo aqueles que são mais jovens e se veem excluídos do mercado imobiliário nos EUA.

As crescentes taxas de criminalidade em algumas cidades americanas e a polarização política também levaram muitos a procurar um estilo de vida mais tranquilo, sustentado por um euro que acabou de cair para a paridade com o dólar pela primeira vez em mais de 20 anos.

Para Stephanie Synclair, de 40 anos, comprar uma casa na Itália era um sonho de longa data que se tornou realidade em abril.

Pagando US$ 3.000 por mês para alugar uma casa de quatro quartos para ela e seu filho em Atlanta, ela achava impossível se tornar proprietária, pois os preços dispararam, embora ela tivesse US$ 300.000 em mãos.

Foi então que buscou a Itália, um país que ela sempre amou, e conseguiu comprar uma casa de 290 metros quadrados em Mussomeli, na Sicília, bem como uma casa menor ao lado e uma loja de 75 metros quadrados – tudo por 60.000 euros.

“Eu nunca teria procurado a Itália se o mercado nos EUA não fosse tão louco”, disse a empresária. Ela planeja trabalhar remotamente e imagina uma “bella vita” de boa comida e vinho, junto com um clube literário local e um espaço de arte que planeja lançar em sua loja, “reminiscente da cena artística de Paris na década de 1920”.

O preço médio de uma casa em Atlanta chegou a US$ 404.575 em 30 de junho, um aumento de 19% em relação ao ano anterior, enquanto uma propriedade de 75 metros quadrados na região de Palermo, na Sicília, custa em média 86.560 euros, de acordo com as plataformas imobiliárias Zillow e Idealista.

“O aumento do custo de vida tornou mais caro viver em qualquer grande cidade americana do que em cidades europeias”, disse Michael Witkowski, vice-presidente da consultoria de expatriados ECA International, com sede nos EUA. “Os preços caros das casas, bem como um dólar forte e as tensões políticas são fatores que contribuem para o crescente fascínio pela Europa.”

Para atrair compradores estrangeiros, Portugal e Espanha oferecem os chamados “vistos dourados”, programas que conferem direitos de residência com base em um investimento inicial de 350.000 euros e 500.000 euros, respetivamente.

Para Jamie Dixon, 37, a mudança para Portugal de Los Angeles, em julho do ano passo, com a filha e o marido de sete anos foi possível graças à mudança para um trabalho remoto e à obtenção de um visto de residência permanente.

Inicialmente morando em uma casa móvel de dois quartos em Malibu, Califórnia, a diretora de operações de uma startup de tecnologia não conseguia realizar seu sonho de comprar um terreno com amigos para construir uma pequena comunidade em Los Angeles.

Um novo trabalho remoto permitiu que ela deixasse a cidade e se mudasse para um apartamento de 2.000 euros por mês, três quartos e três banheiros, com “rooftop” em Cascais.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

OMS declara varíola dos macacos uma doença de emergência global