Bloomberg Línea — Com uma visão otimista de longo prazo para o agronegócio brasileiro, o Itaú BBA iniciou a cobertura para o setor afirmando que os preços voláteis e elevados das commodities devem contribuir para um bom desempenho das ações no curto prazo.
Os analistas - liderados por Daniel Sasson - destacam que as companhias têm se beneficiado dos preços mais altos das matérias-primas e do real desvalorizado e que as margens devem permanecer saudáveis, apesar de uma expectativa de normalização dos preços à frente.
“O Brasil conquistou uma posição de destaque nos fluxos comerciais globais, tornando-se o maior exportador mundial de soja e açúcar e o segundo maior exportador de milho e etanol do mundo. Esperamos que a posição competitiva do país continue a melhorar, apoiada pela alta disponibilidade de terras e outros avanços tecnológicos que permitem o aumento da produtividade”, escrevem os analistas em relatório divulgado nesta semana.
Intitulado “In Agri We Trust”, o documento defende que, embora custos de produção mais altos – decorrentes do aumento dos preços de fertilizantes – afetem as margens dos produtores em relação à safra anterior, o cenário ainda é positivo quando analisado sob a perspectiva da base histórica.
Maiores volumes de produção após o déficit de colheita em 2021-22 também são um bom presságio para empresas do setor, afirma o time de análise.
No agronegócios, o nome preferido do BBA é a SLC Agrícola (SLCE3), que tende a se beneficiar de uma relação entre oferta e demanda apertada para commodities como algodão, soja e milho, mantendo os preços em níveis “saudáveis”.
“Gostamos do potencial da SLC para forte geração de caixa a partir da safra 2022-23, o que torna o nome um bom lugar para se esconder diante da potencial volatilidade associada à eleição presidencial no segundo semestre”, escrevem.
Com recomendação outperform (acima da média do mercado, ou o equivalente à recomendação de compra) para as ações, o Itaú BBA tem um preço-alvo de R$ 55 para os papéis da companhia ao fim deste ano, o que implica potencial de alta de 31,7% ante o preço de fechamento de quinta-feira (21).
Raízen e Rumo
Outros nomes de destaque, com risco-retorno atrativo, segundo o Itaú BBA, são Raízen (RAIZ4), na parte de açúcar e etanol, e Rumo (RAIL3), entre as operadoras logísticas, que são preferidas em detrimento de São Martinho (SMTO3) e Hidrovias do Brasil (HBSA3), respectivamente.
O Itaú BBA iniciou a cobertura de Raízen com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 7 para os papéis da companhia na bolsa em 2022 – o que implica upside de 57,3%. “Gostamos da história de recuperação de retorno da empresa e da maior utilização de sua capacidade no negócio de cana-de-açúcar, somado ao caráter defensivo de seu negócio de distribuição de combustíveis”, escreve o time de análise.
Os analistas afirmam ainda que o preço-alvo estimado não leva em conta “o plano agressivo da Raízen de expandir para usinas de etanol de segunda geração, sobre o qual acreditamos que muitos investidores ainda estão céticos”.
Já para Rumo, a justificativa é de que a empresa possui uma boa exposição às tendências seculares de crescimento do agronegócio brasileiro, principalmente no estado do Mato Grosso. O BBA estima um preço-alvo de R$ 22 para as ações da companhia, o que implica alta de 37,4%.
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