Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) não conseguiu manter o ritmo de produção de petróleo e gás natural no segundo trimestre, comunicou a empresa em seu relatório de produção e vendas nesta quinta-feira (21), depois do fechamento do mercado.
Alvo do presidente Jair Bolsonaro por causa dos reajustes dos preços dos combustíveis, a Petrobras não conseguiu tirar tanto proveito na comercialização de gasolina e óleo diesel como se poderia esperar, uma vez que as vendas tiveram apenas leve aumento ou até chegaram a cair na comparação trimestral.
As ações preferenciais da Petrobras encerraram o dia com queda de 0,51%, e as ordinárias, de 1,10%. Os resultados financeiros serão divulgados na próxima quinta-feira, dia 28.
Veja abaixo 3 destaques da prévia operacional da Petrobras:
1. Queda na produção
A produção de petróleo, LGN (líquidos de gás natural) e gás natural da estatal recuou 5,1%, para 2,653 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMbpd) no segundo trimestre em relação ao primeiro.
“O resultado se deu, principalmente, em razão do início da vigência do Contrato de Partilha de Produção dos Volumes do Excedente da Cessão Onerosa de Atapu e Sépia, em 2 de maio, com redução de participação da Petrobras nestes campos, além do maior número de paradas para manutenções e intervenções nas plataformas do pré-sal e do pós-sal”, apontou a companhia.
“Esses efeitos já estavam previstos em nosso planejamento e não impactaram nosso guidance de produção para 2022, de 2,6 MMboed, com variação de 4% para mais ou para menos.”
2. Combustíveis sem crescimento
Apesar dos reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel no segundo trimestre, a Petrobras não conseguiu aumentar a produção e as vendas no mercado interno, que ficaram praticamente estáveis na comparação com os três primeiros meses do ano.
A produção de combustíveis e derivados totalizou 1,771 Mbpd, com acréscimo de 2,6% em relação ao primeiro trimestre e de 1,7% versus o mesmo período em 2021; no caso das vendas para o mercado doméstico, o resultado foi ainda menos expressivo: alta de 1% e queda de 2,4%, respectivamente.
“As vendas de derivados no 2T22 foram 1% superiores às registradas no 1T22 devido, principalmente, ao aumento das vendas de diesel e GLP, em razão da sazonalidade de consumo. Este aumento foi parcialmente compensado pelas menores vendas de gasolina, devido à maior oferta de etanol, e menores vendas de óleo combustível por não ter havido entregas para geração termelétrica.”
3. Gasolina: vendas menores
“As vendas de gasolina registraram queda de 6,6% em relação ao 1T22, principalmente em razão do início da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul e consequente aumento da oferta de etanol e perda de participação de mercado da gasolina no abastecimento dos veículos flex fuel”, apontou a Petrobras no comunicado ao mercado.
Apesar da queda trimestral, houve avanço de 6,5% nas vendas acumuladas do primeiro semestre na comparação anual, “principalmente por causa de um ganho de participação da gasolina sobre o etanol hidratado em veículos flex e do aumento da circulação de pessoas com o enfraquecimento da pandemia da Covid-19. O total das vendas foi o maior para um primeiro semestre nos últimos quatro anos”.
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