Bloomberg — Mario Draghi renunciou ao cargo de primeiro-ministro italiano nesta quinta-feira (21), deixando o país em caos político e a caminho de uma nova eleição em outubro.
O ex-chefe do Banco Central Europeu comunicou sua decisão ao presidente do país, Sergio Matarella. Ele continuará em um papel interino, mas sua influência será mínima.
Matarella, que desta vez aceitou a renúncia de Draghi, se reunirá na quinta-feira com os chefes das duas câmaras do Parlamento do país para acertar os próximos passos. Um deles é provavelmente uma votação de emergência após o verão do Hemisfério Norte.
Uma eleição no outono italiano seria inédita no país, considerando que é um momento em que o orçamento anual é preparado.
A reação dos investidores foi clara: o rendimento da nota italiana de 10 anos subiu 21 pontos-base para 3,6%, seu maior nível desde junho. O spread sobre títulos equivalentes alemães, um indicador comum de risco, subiu para 233 pontos base. O índice de ações de referência da Itália caiu 2,2%.
A renúncia mergulha o país em turbulência no momento em que a Europa se prepara para a recessão e os italianos enfrentam uma iminente crise de energia. Os legisladores, agora sem a disciplina imposta pelo ex-banqueiro central, terão que concordar com reformas para liberar 200 bilhões de euros (US$ 205 bilhões) de ajuda da União Europeia.
O colapso do governo de Draghi foi inevitável depois que três de seus parceiros de coalizão retiraram seu apoio em um voto de confiança na quarta-feira.
Os problemas da Itália vieram à tona na semana passada, quando o Movimento Cinco Estrelas, um importante parceiro da coalizão, boicotou um voto de confiança. Draghi disse que não tem mais amplo apoio e ameaçou renunciar a menos que todos os membros do governo de unidade prometessem seu apoio.
Em vez disso, a Liga, de Matteo Salvini, e o Forza Italia, de Silvio Berlusconi, se juntaram ao Cinco Estrelas ao abandonar Draghi após um debate acalorado no Senado, deixando o primeiro-ministro com pouca escolha a não ser renunciar.
Os governos italianos são notoriamente instáveis, e Draghi liderou o 67º governo do país em pouco mais de 75 anos. Enquanto Draghi provavelmente permanecerá como primeiro-ministro interino até a próxima votação, o governo será drasticamente enfraquecido, colocando sua agenda legislativa em risco.
--Com a colaboração de Libby Cherry
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