Bloomberg — A Embaixada dos Estados Unidos em Brasília descreveu as eleições brasileiras como um “modelo para o mundo”, um dia depois que o presidente Jair Bolsonaro disse a embaixadores estrangeiros que o sistema de votação eletrônica do país estaria sujeito a fraudes.
Ecoando comentários feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma reunião bilateral com Bolsonaro no mês passado, a embaixada disse em comunicado nesta terça-feira (19) que os EUA “confiam na força” das instituições democráticas do Brasil.
“O país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos índices de participação dos eleitores”, diz o comunicado publicado em português, sem citar Bolsonaro ou a reunião que ele organizou no dia anterior. “Estamos confiantes de que as eleições de 2022 no Brasil refletirão a vontade do eleitorado.”
Bolsonaro reuniu representantes de cerca de 70 governos estrangeiros em sua residência oficial na segunda para relembrar antigas e inverídicas teorias da conspiração sobre a segurança do sistema que o Brasil vem usando há mais de duas décadas.
O presidente brasileiro, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todas as principais pesquisas de opinião, tem repetidamente questionado a integridade das urnas eletrônicas do país, alegando, mesmo sem provas, que sua eleição de 2018 foi fraudada contra ele e defendendo que ele deveria ter ganho no primeiro turno da votação. A reunião de segunda foi um passo adiante na estratégia de desacreditar a autoridade eleitoral do país, agora diante de uma audiência estrangeira.
Várias instituições do país repreenderam o presidente, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, que repudiou “a tentativa de colocar em xeque, perante a comunidade internacional, o processo eleitoral e as urnas eletrônicas que garantiram a democracia do Brasil nas últimas décadas”.
Logo após o discurso de Bolsonaro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, disse que declarações para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro são “fake news”, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, acrescentou que a segurança do processo eleitoral brasileiro não pode mais ser questionada.
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