Bloomberg Línea — A América Latina representou o maior crescimento ano a ano para a Netflix (NFLX) no segundo trimestre em relação às outras regiões do mundo (Estados Unidos e Canadá; Europa, Oriente Médio e África; e Ásia e Pacífico). A empresa de streaming cresceu 16% na América Latina no segundo trimestre de 2022 em relação ao mesmo período ano passado, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (19).
No semestre, o crescimento foi de 14% em relação aos primeiros seis meses de 2021, também superando as demais regiões.
A receita da Netflix na América Latina ficou praticamente estável - de US$ 999 milhões para US$ 1 bilhão nos três meses até junho - em relação ao primeiro trimestre, e o faturamento foi de US$ 2 bilhões no primeiro semestre deste ano na região. O número de assinantes pagos na América Latina ficou estável em 39,62 milhões no segundo trimestre.
Em março, a Netflix divulgou que estava fazendo testes de dois recursos pagos para compartilhamento de contas no Chile, Costa Rica e Peru. Na segunda-feira (18), a empresa disse que, nesses países, agora vai perguntar se os usuários desejam pagar uma taxa, a um valor não especificado, para adicionar um novo membro à conta.
Os testes também estão sendo expandidos para a Argentina, El Salvador, Guatemala, Honduras, e República Dominicana, onde os usuários serão questionados se desejam pagar um extra para compartilhar a conta. O valor vai variar de US$ 1,70 na Argentina a US$ 2,99 nos demais países.
Questionado pelos investidores após a divulgação dos resultados do trimestre, o COO do Netflix, Greg Peters, disse que a empresa estava “trabalhando com essa tecnologia nos bastidores” pelos últimos dois anos e agora está lançando o serviço para teste com os usuários da América Latina em cinco novos mercados.
Peters explicou que a empresa está testando dois modelos com os consumidores latino-americanos.
No primeiro modelo, os consumidores pagam para adicionar um novo membro. No segundo modelo, os usuários pagam para adicionar novos domicílios.
“Neste ponto estamos começando a ver o que de fato funciona para os usuários. Estamos aprendendo bastante enquanto empregamos os modelos. Ainda é cedo para dizer, começamos a testar o segundo modelo agora. Mas posso dizer que estamos confiantes, com base no que estamos vendo, para lançar oficialmente no ano que vem como estamos planejando”, disse.
Questionado como a Netflix saberá se os usuários estão viajando ao acessar a conta de outra localidade, Peters disse que uma das razões pela qual a empresa está trabalhando nisso há um tempo é para construir capacidades técnicas para entender sinais de rede.
“É para ser um modelo user friendly que suporta casos como viagem, diferentes dispositivos, mas também nos dando a certeza de que estamos fazendo um bom trabalho sendo remunerados. Os modelos são diferentes e estamos descobrindo o que vai funcionar melhor”, disse.
O pagamento para compartilhar a conta é uma das alternativas que a Netflix está testando para monetizar o serviço, junto de uma versão da plataforma de streaming com anúncios de publicidade.
No segundo trimestre, a Netflix perdeu menos assinantes do que esperava, muito por conta do sucesso do seriado Stranger Things, no que o CEO Reed Hastings atribuiu a “resultados menos piores”.
Mesmo assim, “perder um milhão de assinantes e chamar de sucesso é complicado”, reconheceu Hastings, durante a gravação do vídeo para investidores.
A empresa disse ainda que toda recessão é diferente e está monitorando de perto o cenário macroeconômico, mas se mostrou otimista com os unit economics das novas formas de monetização, como a publicidade. Segundo a Netflix, empresas estão interessadas em anunciar na plataforma e querem se associar aos títulos de sucesso do streaming.
A Netflix espera que, em um primeiro momento, a publicidade represente uma pequena fração da receita, mas que crescerá ao longo do tempo.
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