Bloomberg Línea — A dois dias de uma reunião que é apontada como um divisor de águas, o Eurostat divulgou nesta terça-feira (19) que a inflação anual nos 19 países que compõem a zona do euro chegou a 8,6%, acima dos 8,1% até maio. Nos 27 países da União Europeia, a taxa passou de 8,8% para 9,6%.
Os dados da agência de estatísticas da União Europeia colocam mais pressão sobre os integrantes do Banco Central Europeu (BCE), que se reúnem nesta quinta-feira (21) em Frankfurt, na Alemanha, para tomar a decisão de política monetária da zona do euro, sob a liderança da francesa Christine Lagarde.
A taxa de juros está abaixo de zero - ou seja, o custo de empréstimos é negativo - desde 2014, sinalizando uma política monetária deliberadamente estimulativa. Mas a inflação mais alta desde o início de circulação do euro, há duas décadas, e as perspectivas de que os índices continuem na casa de 8% pelo menos até o fim do ano colocam pressão para que o BCE faça mudanças nessa estratégias.
A expectativa é que o BCE eleve a taxa - atualmente no patamar -0,50% - em pelo menos 25 pontos base nesta quinta. E, em setembro, a taxa voltaria a zero ou entraria em território positivo.
Segundo a Bloomberg, o BCE já estaria estudando um aumento de até 0,50 ponto percentual na reunião desta quinta.
A decisão é tomada em momento em que o crescimento na zona do euro e na União Europeia desacelera como reflexo da guerra da Rússia contra a Ucrânia e as sanções contra o país governado por Vladimir Putin, ao mesmo tempo em que a maior economia do mundo, os Estados Unidos, caminham para uma recessão.
As taxas negativas da Europa também estão enfraquecendo o poder de compra do euro, que foi negociada abaixo da paridade com o dólar na semana passada pela primeira vez na história - nos Estados Unidos, o Federal Reserve já elevou os juros para o intervalo entre 1,50% e 1,75%.
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