Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada da nota originalmente publicada às 6h39)
O pano de fundo permanece o mesmo - uma inflação insistentemente alta e a ameaça de que uma política monetária mais apertada conduza as economias a uma recessão. Porém, alguns sinais deixaram o mercado antever uma ligeira melhora no cenário, abrindo caminho para as compras no mercado de renda variável. A ala dos operadores que esperavam uma ação mais enérgica por parte do Federal Reserve (Fed), de um aumento de 1 ponto cheio, começam a revisar suas expectativas.
As ações europeias e os futuros de índices norte-americanos avançavam, enquanto o dólar se enfraquecia à medida que os investidores reduziam suas apostas sobre a agressividade com que o Federal Reserve irá apertar a política monetária.
Tanto os futuros indexados ao S&P 500 quanto o índice europeu Stoxx 600 chegaram a subir mais de 1%. As ações tecnológicas chinesas são impulsionadas pela expectativa de apoio governamental à economia, golpeada pelo longo isolamento para frear os contágios por Covid-19.
A alta era generalizada entre as commodities. O petróleo bruto West Texas Intermediate era negociado acima dos US$ 100 por barril, já que a viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, ao Oriente Médio terminou sem um compromisso firme da Arábia Saudita de aumentar o fornecimento de petróleo.
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→ Estes são os fatores que os investidores estão olhando com lupa:
👎 Os contras. No começo da semana passada, a inflação nos Estados Unidos mostrou que não está de brincadeira. Tanto os preços para os consumidores (+9,1% em 12 meses) como industriais (+11,3%) surpreenderam em junho, levando muitos operadores a cogitarem um aumento maior dos juros, de até 1 ponto percentual, na reunião do Federal Reserve (Fed) entre 26 e 27 de julho.
👍 Os prós. Mas conforme a semana foi passando, esta expectativa foi se diluindo. Primeiro: James Bullard, um dos membros mais “hawkish” do Fed, ou seja, que mais se posiciona a favor de altas importantes de juros, declarou ser favorável a um aumento de 0,75 ponto. Além disso, melhoraram as expectativas de inflação de longo prazo (de 5 a 10 anos) no indicador de confiança da Universidade de Michigan (+2,8% em julho, contra +3,1% no mês anterior e um consenso de +3,0% entre os analistas).
👀 Sobe quanto? O Banco Central Europeu subirá na quinta-feira os juros para o bloco - será a primeira alta desde 2011. Já está descontado um aumento de 0,25 ponto percentual, valor antecipado pela própria presidente Christine Lagarde. Mas há quem espere uma alta maior, de 0,50 ponto. É que a inflação tem continuado a surpreender e o euro voltou à paridade em relação ao dólar.
📊 E a saúde, como vai? A temporada de balanços está a todo vapor e os analistas querem saber como os recentes acontecimentos no front econômico - inflação, o impacto da guerra na Ucrânia no abastecimento global e nos preços das matérias-primas, alta dos juros - têm afetado a saúde financeira das empresas. Outro ponto é a paridade do euro com o dólar: uma forte apreciação da moeda norte-americana aumenta a lista de ameaças às margens de lucro das empresas.
😶🌫️ Expectativa: Custos de energia. Está previsto para terminar esta quinta-feira o fechamento temporário do gasoduto Nordstream, que leva o gás russo à Alemanha. Problemas ou atrasos na sua volta à atividade colocariam uma pressão adicional nos custos energéticos e aumentariam a incerteza antes do inverno europeu.
🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow Jones Industrials (+2,15%), S&P 500 (+1,92%), Nasdaq Composite (+1,79%), Stoxx 50 (+1,79%), Ibovespa (+0,45%)
O relatório de vendas a varejo dos EUA colocou os mercados de ações de volta ao campo positivo, após o golpe no meio da semana com a maior inflação em décadas. O mercado se surpreendeu positivamente com o aumento de 1% nas compras no varejo, após uma queda de 0,1% revista para cima em maio. O chefe da Reserva Federal de Atlanta, Raphael Bostic, destacou na sexta-feira a importância de uma ação ordenada de política monetária, sugerindo que ele não apoia o aumento das taxas de juros em 100 pontos-base.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: Japão (Dia do Oceano)
• EUA: Índice NAHB de Mercado Imobiliário/Jul
• Europa: Itália (Balança Comercial/Mai); Espanha (Balança Comercial)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus, IGP-10/Jul)
• Bancos centrais: Relatório Mensal do Bundesbank, o banco central da Alemanha. Pronunciamento de Michael Saunders (BoE)
• Balanços do dia: Goldman Sachs, Bank of America, IBM, Prologis
📌 Para a semana:
• Balanços: Bank of America, Goldman Sachs, Tesla, Netflix, Johnson & Johnson, Novartis, Volvo, SAP, American Airlines, America Express, entre outros
• Terça-feira: A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, visita a Coreia do Sul. Minuta de política monetária do Banco Central da Bank of Australia. O governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, falam em evento
• Quarta-feira: Reino Unido (IPC e IPP/Jun), Alemanha (IPP/Jun), Zona do Euro (Confiança do Consumidor)
• Quinta-feira: Decisões sobre taxas de juros do Banco do Japão e do Banco Central Europeu (BCE). Gasoduto Nord Stream 1 programado para reabrir após manutenção
• Sexta-feira: Indicadores PMIs/Jul: Japão, França, Alemanha, Reino Unido e Zona Euro; Reino Unido (Índice GfK de Confiança do Consumidor); Japão (IPC/Jun); Levantamento do BCE com previsões econômicas
(Com informações da Bloomberg News)