Bloomberg — A Apple (AAPL) planeja frear as contratações e os gastos no próximo ano em algumas divisões para lidar com uma possível recessão, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.
A decisão faz parte de um esforço de mais cautela em tempos incertos, embora não seja uma política para toda a empresa, disseram as fontes, que pediram anonimato porque as discussões são privadas. As mudanças não afetarão todas as equipes, e a Apple ainda planeja um calendário agressivo de lançamento de produtos em 2023 que inclui um fone de ouvido de realidade mista, sua primeira grande nova categoria desde 2015.
Ainda assim, o tom mais cauteloso chama a atenção, pois a Apple superou as projeções de Wall Street durante a pandemia de covid-19 no geral e resistiu às turbulências econômicas anteriores melhor que muitos de seus pares.
A Alphabet (GOOGL), a Amazon (AMZN), a Meta (FB), a Snap (SNAP) e outras empresas de tecnologia tomaram suas próprias medidas nas últimas semanas para controlar orçamentos e reduzir contratações. A Microsoft (MSFT), a Tesla (TSLA) e a Meta chegaram a eliminar cargos – a Apple não tem esse histórico.
A Apple, com sede em Cupertino, estado americano da Califórnia, aloca anualmente uma quantia fixa de dinheiro para cada uma de suas principais divisões para gastos com pesquisa e desenvolvimento, recursos e contratações. Para 2023, a empresa está dando a certas equipes um orçamento mais baixo que o planejado.
Em alguns grupos, a empresa não aumentará o quadro de funcionários em 2023 – anteriormente, a empresa poderia contratar entre 5% e 10% mais funcionários em um determinado ano. A Apple também projeta que não vai preencher os cargos de empregados que deixarem algumas equipes.
Um porta-voz da gigante de tecnologia não quis comentar.
Nos últimos anos, a Apple investiu muito em pesquisa e desenvolvimento, contratou agressivamente funcionários da concorrência e lançou vários novos produtos. Contudo, a empresa também enfrentou problemas na cadeia de abastecimento, como a interrupção da produção na China. A Apple advertiu em abril que esses problemas lhe custariam até US$ 8 bilhões no último trimestre.
Os analistas esperam que a companhia registre uma receita de cerca de US$ 83 bilhões no terceiro trimestre quando divulgar seus resultados em 28 de julho. A estimativa está ligeiramente acima do aferido no mesmo período do ano anterior.
Durante a última teleconferência de resultados, o CEO Tim Cook disse que a Apple estava “de olho na inflação” e que o impacto era evidente sobre sua margem bruta e despesas operacionais. A empresa também citou o impacto negativo contínuo da covid-19 e o aumento dos custos de transporte. No entanto, não quis divulgar uma projeção específica sobre a receita.
O preço das ações da Apple acumula queda de 15% até o momento neste ano, em igualdade com o mercado no geral, para além das empresas de tecnologia.
Embora a desaceleração dos gastos seja incomum, a Apple tomou medidas semelhantes no passado. No início de 2019, antes da pandemia, a empresa reduziu as contratações depois que as vendas de iPhone ficaram aquém das expectativas na China e em outras partes do mundo. Em abril, a empresa reduziu as contratações de alguns cargos em lojas de varejo da Apple.
Mesmo enquanto se prepara para diminuir os gastos em algumas áreas, a Apple planeja aumentar seu orçamento de remuneração em toda a empresa este ano para fazer frente a um mercado de trabalho mais apertado. A empresa também vem enfrentando os esforços para sindicalizar suas lojas em todos os Estados Unidos. Recentemente, a Apple aumentou o salário de trabalhadores do varejo e do suporte técnico, e os funcionários dizem que os aumentos variam entre 5% e 15%.
Ao mesmo tempo, a Apple está preparando uma enxurrada de novos produtos. Ao final deste ano, a empresa espera revelar quatro modelos de iPhone, três variações do Apple Watch, novos computadores e notebooks Mac, e um decodificador atualizado da Apple TV. Outros planos incluem um novo alto-falante HomePod, um iPad maior e vários Macs novos para o próximo ano.
A Apple destinou cerca de US$ 22 bilhões para pesquisa e desenvolvimento no ano fiscal de 2021, 17% a mais do que no ano anterior. No final daquele ano, a empresa tinha 154 mil funcionários.
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