Bloomberg — À medida que a inflação eleva os preços globais do café, a variedade robusta mais barata está em alta – e o Brasil pode ser o país que atenderá essa demanda.
Embora a produção de café robusta seja maior no Vietnã, os agricultores do país asiático não conseguiram aumentar a safra rápido o suficiente para acompanhar a demanda crescente do consumidor. Enquanto isso no Brasil, o segundo maior produtor de robusta do mundo, a safra cresce e deve atingir um volume recorde este ano. O Departamento de Agricultura dos EUA prevê que a produção brasileira de robusta aumentará 5% este ano, e a vietnamita cairá um pouco.
“O Brasil tem muita disponibilidade de área para aumentar a produção de robusta com pastagens que podem ser convertidas”, disse Fernando Maximiliano, analista da StoneX. “O Vietnã está no limite em termos de área.”
O robusta, amplamente utilizado para fazer café solúvel como o Nescafé da Nestlé ou na mistura de pó para café espresso, já foi visto como uma alternativa mais pobre aos grãos arábica de alta qualidade, que são tradicionalmente preferidos por empresas como a Starbucks. Mas issso está mudando.
Os consumidores em todo o mundo ainda tomam mais bebidas à base de arábica, mas com as famílias e empresas lidando com a pior inflação em mais de quatro décadas, mais compradores reconsideram o consumo de robusta, de preço mais baixo, apesar de sua reputação de gosto forte e amargo.
Como o arábica de origem única é muito caro, uma porção de robusta é frequentemente adicionada a bebidas à base de café espresso, contribuindo para o aumento da demanda. Nos EUA, o consumo de bebidas à base de café espresso disparou 30% desde o início da pandemia, sinalizando não apenas uma recuperação, mas também um novo crescimento, segundo pesquisa divulgada em março pela National Coffee Association. A demanda internacional por café solúvel também vem crescendo, inclusive na Ásia e no Leste Europeu.
A diferença de preços entre arábica e robusta só aumentou nos últimos anos, em grande parte devido a problemas de safra. No ano passado, a produção brasileira de grãos arábica, de sabor suave, caiu devido à seca e à geada. A Colômbia, o segundo maior produtor de arábica depois do Brasil, perdeu cerca de 20% de sua safra nos últimos dois anos por conta de chuvas excessivas causadas pela La Niña. Os gargalos logísticos só pioraram a situação.
A planta de café robusta é mais resistente e maior, pode crescer em lugares mais quentes, é mais resistente à seca e seus grãos têm aproximadamente o dobro da concentração de cafeína. Ao mesmo tempo, sua produção se profissionalizou, os rendimentos aumentaram e os agricultores estão expandindo para novas áreas.
Desde 2016, quando uma seca dizimou a produção de robusta, os agricultores têm investido em técnicas de irrigação e colheita, aumentando a expectativa de que a próxima safra será abundante. Embora seu sabor amargo tradicionalmente o tornasse um café de “blend”, mesmo isso está mudando, com alguns produtos gourmet agora feitos 100% com robusta.
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