Este banco americano separou US$ 580 milhões para perdas com inadimplências

Wells Fargo sente efeitos da piora da atividade econômica no segundo trimestre: receita hipotecária caiu 79% diante de alta dos juros

As ações da Wells Fargo, com sede em São Francisco, caíram 19% este ano; nesta manhã, a queda chegou a 3,4%, para US$ 37,42
Por Hannah Levitt - Bloomberg News - Kevin Orland
15 de Julho, 2022 | 12:08 PM

Bloomberg — Os resultados do Wells Fargo (WFC) vieram abaixo das estimativas dos analistas, com o crédito imobiliário desacelerando e o banco reservando mais do que o esperado para empréstimos potencialmente ruins.

O credor informou uma provisão de perdas com empréstimos de US$ 580 milhões, de acordo com um comunicado nesta sexta-feira (15), enquanto os analistas esperavam algo em torno dos US$ 414,7 milhões.

PUBLICIDADE

Isso marca uma reviravolta em relação ao ano passado, quando uma liberação de US$ 1,26 bilhão de provisões aumentou os resultados e trouxe o lucro líquido do segundo trimestre para US$ 3,12 bilhões, abaixo dos US$ 3,19 bilhões esperados pelos analistas.

O relatório oferece outra visão de como os maiores credores dos EUA se saíram em um trimestre marcado pelo aumentos de juros, inflação persistente e temores de recessão. O banco rival JPMorgan (JPM) suspendeu temporariamente as recompras de ações e divulgou resultados do segundo trimestre que ficaram aquém das estimativas dos analistas na quinta-feira (14), levando as ações a uma queda de 3,5%.

A receita hipotecária caiu 79%, para US$ 287 milhões, diante do aumento das taxas de juros. O número ficou abaixo da estimativa de US$ 392,4 milhões dos analistas. O Wells Fargo está entre as empresas que estão demitindo e realocando funcionários.

PUBLICIDADE

O diretor financeiro Mike Santomassimo alertou em junho que a receita da unidade poderia cair pela metade no segundo trimestre em relação ao primeiro - e de fato caiu 59% nesse período.

A receita líquida de juros subiu para US$ 10,2 bilhões, correspondendo ao que os analistas esperavam. O aumento de 16% demonstra o impulso que os bancos já estão obtendo com os aumentos de taxas do Fed.

As despesas não decorrentes de juros foram de US$ 12,9 bilhões no trimestre, uma queda de 3,4% em relação ao ano anterior, embora acima do esperado pelos analistas. O corte de custos tem sido uma parte fundamental do plano de Scharf de refazer a empresa desde que assumiu há quase três anos, inclusive reduzindo a força de trabalho. O número de funcionários caiu para 243.674 no final do segundo trimestre, de 246.577 três meses antes.

PUBLICIDADE

O Wells Fargo também permanece sob um teto caro de ativos imposto pelo Fed, limitando seu tamanho ao seu nível no final de 2017. Os ativos no final do período caíram 3,3% em relação ao ano anterior, para US$ 1,88 trilhão.

Leia também:

Medo de recessão: fundos da BlackRock recuam diante cenário de inflação