Bloomberg — A cidade chinesa de Wuhan identificou bactérias causadoras de cólera em amostras coletadas de tartarugas em um mercado, o que provocou comparações com os primeiros dias da pandemia de covid-19.
O mercado de Baishazhou foi desinfetado, e as lojas em contato com as tartarugas fecharam por três dias, segundo declaração das autoridades sanitárias locais no final da quinta-feira (14). Nenhum caso de cólera foi encontrado em pessoas que entraram em contato com os animais, e a cepa não está relacionada ao caso confirmado esta semana em um estudante da Universidade de Wuhan, disseram eles.
A cólera é uma doença virulenta que se espalha através de alimentos e água contaminados e causa diarreia aguda. A China a classifica como uma doença “Classe A”, a designação mais forte e compartilhada apenas pela peste bubônica – sua detecção estimula uma resposta de emergência das autoridades sanitárias.
A descoberta em um mercado traz memórias indesejadas do início da pandemia de covid, pois as infecções iniciais foram ligadas ao mercado de frutos do mar Wuhan Huanan e possivelmente aos animais selvagens ali vendidos. Embora as origens exatas do coronavírus não tenham sido determinadas, o surgimento da cólera no epicentro original da pandemia vem à medida que os sistemas de saúde e de fornecimento de alimentos da China enfrentam um escrutínio sem precedentes.
Uma hashtag relacionada às notícias teve mais de 1 milhão de visualizações na a plataforma de mídia social chinesa Weibo nesta sexta-feira (15), com os usuários lamentando que sentiam que a história estava se repetindo.
As tartarugas infectadas foram abatidas, e as autoridades sanitárias estão rastreando produtos do mesmo lote que foram enviados para outros lugares.
A cólera é uma doença relativamente rara na China – foram apenas cinco casos detectados no ano passado. A maioria dos infectados não apresentarão sintomas ou terão sintomas leves e podem ser tratados com reidratação oral, embora a cólera possa matar em poucas horas se não for tratada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
A China é constantemente criticada por sua recusa em permitir o acesso aberto aos cientistas que tentam identificar a verdadeira origem do coronavírus e como ele foi disseminado para os seres humanos. O país repreendeu os pedidos de uma investigação independente e retaliou países que exigiam maior transparência, principalmente no papel dos açougues. Essa relutância alimentou uma série de teorias da conspiração sobre a origem do vírus, inclusive que ele foi deliberadamente liberado de um laboratório na cidade central da China.
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