Petróleo recua 6% e se aproxima de US$ 90; ações da Petrobras caem mais de 3%

Traders reagem a novos indicadores que reforçam apostas em aperto monetário mais agressivo pelo Fed, o que tende a limitar a demanda pela commodity

Tanques de almacenamiento en la refinería de petróleo TotalEnergies SE Leuna en Leuna, Alemania, el martes 7 de junio de 2022. Fotógrafo: Krisztian Bocsi/Bloomberg
Por Bloomberg Línea - Bloomberg News
14 de Julho, 2022 | 07:55 AM

Bloomberg — Os preços do petróleo do tipo WTI recuavam cerca de 5% nesta quinta-feira (14), para o patamar próximo de US$ 90 o barril, depois que novos dados de inflação em alta nos Estados Unidos reforçaram as expectativas de que o Federal Reserve fará aumentos mais agressivos nas taxas de juros.

Os contratos futuros de petróleo do tipo Brent, por sua vez, que servem de referência para os negócios da Petrobras (PETR3, PETR4), atingiam seus níveis mais baixo desde março, na casa de US$ 95. As ações ordinárias e as preferenciais da petrolífera recuam mais de 3% na esteira da queda da commodity.

Os mercados financeiros globais operam em queda disseminada nesta quinta-feira, enquanto o dólar retoma sua alta trajetória de alta, com resultados corporativos que evidenciam os efeitos do impacto da desaceleração da atividade - caso dos balanços do JPMorgan, do Morgan Stanley e da Delta Air Lines.

Os traders elevaram as expectativas para um aumento raro e histórico de um ponto percentual na taxa de juros do Fed na reunião do fim deste mês, daqui a duas semanas. Isso levaria as taxas para o intervalo entre 2,5% e 2,75%.

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Os spreads estão sinalizando uma oferta escassa, e o Goldman Sachs (GS) disse que o mercado está sinalizando um aperto. O banco disse que a grande liquidação nesta semana foi impulsionada por baixa liquidez e fatores técnicos, e o Brent já caiu mais de 20% em relação à alta de junho.

O presidente americano Joe Biden desembarcou no Oriente Médio na quarta-feira (13), no momento em que um relatório do governo mostrou que a inflação ao consumidor disparou para a maior taxa em quatro décadas no mês passado, refletindo custos mais altos de diferentes produtos, incluindo a gasolina, que representam uma questão central nas eleições de meio de mandato dos Estados Unidos, em novembro.

Mas os altos preços da gasolina no país podem estar começando a afetar o consumo, com a demanda recuando na semana passada para o nível mais baixo para esta época do ano desde 1996.

“As preocupações com o impacto da alta inflação no crescimento econômico e na demanda por petróleo estão crescendo visivelmente”, disse Tamas Varga, analista da corretora PVM Oil. “Os preços reais e a estrutura estão fora de sincronia”.

A demanda por gasolina nos EUA caiu na semana passada para 8,06 milhões de barris por dia, também abaixo da mesma semana de 2020, segundo a agência federal do setor, a Energy Information Administration. A média móvel de quatro semanas de demanda de gasolina foi a menor em base sazonal desde 2000. Os estoques de petróleo aumentaram em 3,25 milhões de barris.

Novos surtos de Covid-19 na China também pesam na reavaliação das perspectivas para a demanda por petróleo. O surto de Xangai parece estar diminuindo, mas outras regiões estão sofrendo bloqueios para conter a propagação do vírus. Em todo o país, 292 casos foram registrados na quarta.

- Atualizado às 11h50.

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