Bloomberg — O mercado de juros futuros já precifica uma Selic próxima a 14,50% ao fim do ciclo de aperto monetário, acima dos 14,25% da taxa final observada no aperto encerrado em 2016. As taxas avançam no mercado com o receio de que a recente disparada do dólar aumente as pressões inflacionárias, ofuscando parcialmente a queda das commodities e o efeito do corte de impostos.
“Acho que, se eles aceitam passivamente a desvalorização do real [sem realizar intervenções no mercado de câmbio], devem então adicionar aperto monetário”, disse Tony Volpon, estrategista da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor do Banco Central.
Volpon afirmou que o Banco Central não compartilha da visão em favor de uma maior intervenção no câmbio, que poderia trazer algum alívio para o dólar e a inflação - e, por tabela, algo que permitiria juros menos elevados. “Então eu acho que deveriam mesmo puxar a Selic acima de 14%.”
A curva de juros de curto prazo precifica uma nova elevação de 0,50 ponto percentual da Selic em agosto, seguida por altas menores nas reuniões seguintes, com a taxa atingindo entre 14,25% e 14,50% entre o final deste ano e o início de 2023.
O dólar já subiu mais de 3% nesta semana, superando o patamar de R$ 5,40, com a alta da inflação nos Estados Unidos em junho e o consequente aumento das apostas na elevação de juros pelo Federal Reserve. Em um mês, o real acumula perda de quase 6%, o quinto pior desempenho entre 24 moedas emergentes compiladas pela Bloomberg.
O real está passando por uma desvalorização aguda, o que dá ao BC incentivo para subir o juro mais agressivamente, diz Brendan Mckenna, estrategista de câmbio do Wells Fargo em New York. “Quanto mais o real se enfraquece, também aumenta a probabilidade de repasse para a inflação.”
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