Rumo da inflação, balanços e briga dólar x euro deixam mercados em “modo espera”

Bolsas europeias recuam, enquanto futuros de índices nos EUA tentam se manter no campo positivo; mercados estão todos em compasso de espera

Conheça os eventos que vão orientar os investidores nesta terça-feira, 5 de julho
13 de Julho, 2022 | 07:15 AM

Barcelona, Espanha — Em um momento em que a inflação domina o noticiário e as conversas, hoje todos os olhos ficarão voltados ao comportamento dos preços na maior economia do mundo. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Estados Unidos não sai, e em meio à temporada de balanços, a cautela deverá orientar os negócios no mercado financeiro.

Os futuros de índices nos EUA subiam, em movimento inverso ao das bolsas na Europa. Alta ou baixa, o sentimento geral é de cautela.

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Na Europa, os fabricantes de automóveis e seguradoras pressionavam para baixo o índice Stoxx Europe 600. No Reino Unido, pesam as declarações do dirigente do Bank of England (BoE), Andrew Bailey, segundo quem o banco central está preparado para aumentar os juros em proporções maiores para controlar a inflação.

Os títulos do Tesouro dos EUA mostravam estabilidade e uma parte chave da curva de juros permanece invertida, um sinal potencial de recessão à frente. O rendimento dos bônus de 10 anos, durante um momento desta manhã, ficou 12,4 pontos base abaixo da taxa de 2 anos, um nível que não era visto desde 2007. Na Europa, a maioria dos títulos perdia valor.

O petróleo bruto Brent se estabilizava próximo dos US$ 100, depois de uma queda. O dólar se situava perto dos níveis mais altos desde março de 2020. E o euro rondava a paridade com o dólar americano. O bitcoin era cotado acima dos US$ 19.000.

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→ Estes são os fatores que os investidores estão olhando com lupa:

😨 Dia D para os mercados. Se espera um novo acréscimo do IPC de junho nos EUA: a maioria dos economistas avalia que subirá de 8,6% em maio para 8,8%, quebrando mais um recorde. Os preços nos EUA já estão no seu maior nível em quatro décadas. A má notícia é que aumentam as apostas de que o rebote poderia ser maior.

🆙 A persistência da inflação. No caso de a inflação corroborar esta hipótese, tornará mais difícil para o Federal Reserve (Fed) a missão de zelar pela estabilidade do poder de compra da moeda norte-americana. Para esfriar a inflação, o banco central já elevou sua taxa de referência em 1,5 ponto percentual nas últimas três reuniões. E pode ser que tenha de apertar ainda mais a sua política monetária.

👊🏻 “Tamo junto”. Esta madrugada, as autoridades monetárias da Coreia do Sul e da Nova Zelândia subiram suas taxas de juros em 0,50 ponto percentual, para 2,25% e 2,50%, respectivamente. Esta tarde, será a vez do banco central do Canadá, do qual se espera um incremento mais forte, de 0,75 ponto percentual, que poderá ser a mesma magnitude de aumento do Fed na reunião de 27 de julho.

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💪🏽 Queda-de-braço Dólar x Euro. Olhos atentos para a temporada de balanços e a relação cambial dólar x euro. Um movimento mais agressivo por parte do Fed poderia debilitar ainda mais o eurodólar, levando a moeda do bloco abaixo da paridade com as verdinhas, segundo analistas. A forte apreciação do dólar aumenta a lista dos fatores que ameaçam as margens de lucro das empresas, além da alta inflação, do impacto da guerra na Ucrânia no abastecimento global e nos preços das matérias-primas e do contexto de mercado em baixa.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: M&As dão meia volta em cenário incerto

Um panorama dos mercados
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,62%), S&P 500 (-0,92%), Nasdaq Composite (-0,95%), Stoxx 600 (+0,49%), Ibovespa (+0,06%)

Os mercados acionários dos EUA prolongaram a queda com a qual começaram a semana. Cautelosos, os investidores esperavam os dados da inflação a serem divulgados nesta quarta-feira, o que poderia estabelecer um novo máximo. Se estas expectativas se confirmarem, o Fed se verá obrigado a implementar outra forte subida das taxas de juros, o que poderia empurrar a economia dos EUA para uma recessão.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: IPC/Jun, Rendimento Real/Jun, Livro Bege do Fed, Balanço Orçamentário Federal/Jun, Relatório Mensal da IEA, Pedidos e Juros de Hipotecas MBA

• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Mai, Projeções Econômicas) Alemanha (IPC/Jun); França (IPC/Jun); Reino Unido (PIB, Produção do Setor de Construção/Mai; Produção Industrial/Mai, Balança Comercial/Mai); Espanha (IPC/Jun)

• Ásia: China (Balança Comercial)

• América Latina: Brasil (Vendas no Varejo/Mai, Confiança do Consumidor/Jul); Chile (Reunião do Banco Central)

• Bancos centrais: Decisão sobre taxas de juros do Canadá, da Coreia do Sul e Nova Zelândia. Pronunciamento de Elizabeth McCaul (BCE)

• Balanços do dia: América Móvil, Delta Airlines

📌 Para a semana:

Balanços: JPMorgan, Morgan Stanley, Citigroup, Wells Fargo, TSMC, BlackRock

Quinta-feira: EUA: PPI, Pedidos de Seguro-Desemprego

Sexta-feira: PIB da China. Ministros das Finanças do G-20 e banqueiros centrais se reúnem em Bali, a partir de sexta-feira. Pronunciamento de Raphael Bostic (Fed de Atlanta)

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.