Há pouco mais de dois anos, o termo híbrido se tornou padrão no mercado. Em meio à revolução provocada pela pandemia, que exigiu agilidade e resiliência, a palavra definia bem a nova ordem que estava por vir: uma conexão entre o mundo físico e o digital, em uma combinação para seguir avançando nas mais diferentes áreas. Diversos processos incorporaram esse conceito, mudando hábitos e percepções em toda a sociedade. No entanto, muito antes do híbrido se tornar o novo normal ao redor do globo, uma solução tecnológica já vinha trilhando esse caminho.
A nuvem híbrida começou a ganhar destaque na última década. Seu principal objetivo era associar a computação em nuvens públicas e privadas, permitindo o compartilhamento de dados e aplicações de maneira mais fluida e dinâmica. Agora, segundo levantamento da companhia de tecnologia da informação Accenture, ela já faz parte da estratégia de 80% das organizações.
E a adoção vem em uma crescente: uma pesquisa com 850 profissionais de TI realizada pela Foundry, assessoria norte-americana de soluções tecnológicas, mostrou que cerca de 60% deles acham que as estratégias de nuvem, sobretudo em ambiente híbrido, são as principais soluções para corporações encontrarem um balanço nas finanças e otimizarem seu fluxo de trabalho.
Simplificando caminhos
Segundo levantamento da consultoria KPMG, as empresas adotam essa abordagem para reduzir o risco de interrupção do serviço, estender a rede e cargas de trabalho funcionais, aproveitar os recursos disponíveis de maneira mais eficiente e melhorar a flexibilidade e a interoperabilidade do negócio.
O crescimento da adoção de tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, em processos de missão crítica, e a necessidade de realizar análise de dados na borda da rede com a edge computing, também estão impulsionando a implementação da nuvem híbrida. E para suportar as novas soluções, a abordagem tem apostado em uma arquitetura diferente, com foco na portabilidade de aplicações.
Pense no seguinte cenário: ao invés de construir uma estrada com duas pistas para interligar duas rodovias, é possível criar um veículo multifuncional que possa se movimentar por terra, água e ar. Ambas estratégias permitem se locomover de um ponto a outro, mas um veículo universal exige menos licenças e trabalho de construção, além de ser uma solução mais flexível e com menor impacto ambiental. É basicamente isso que acontece com a nuvem híbrida. A solução simplifica caminhos.
De acordo com a Gartner, empresa de consultoria e pesquisa, até 2025, mais de 95% das novas cargas de trabalho digitais serão implantadas em plataformas nativas da nuvem. À medida que o modelo operacional muda, as empresas também precisam se readaptar e se voltar para um modelo operacional bem mais orientado ao produto e ao sucesso do cliente.
E até mesmo alguns dos setores mais tradicionais, como o financeiro, estão passando por uma rápida transformação. A pressão por redução de custos, por geração de valor para os clientes e por entregas cada vez mais ágeis, impulsionou muitas empresas a migrar para um modelo de computação em nuvem híbrida. A solução permite um time to market mais rápido para acompanhar a crescente concorrência de startups — mais notadamente, as fintechs — e para lidar com o aumento exponencial nos volumes de dados necessários para explorar novas oportunidades de tecnologia e trazer novas experiências para os clientes.
Segurança e portabilidade
Apesar de ser aberta, a solução é tão segura quanto uma infraestrutura de TI on-premise tradicional. A presença de vários ambientes somados é uma das defesas mais fortes contra os riscos à segurança. Todos os ambientes interconectados fazem com que as empresas escolham onde os dados confidenciais devem ser alocados com base em requisitos prévios. O uso desse ambiente potencializa que equipes de segurança padronizem e instaurem novos protocolos de segurança, como armazenamento em nuvem redundante, para amplificar o cuidado comas informações sensíveis e adicionar mais uma camada de proteção no interior de empresas, como mostra o relatório NTT.
A consultoria McKinsey estimou que a multicloud híbrida será uma oportunidade de mercado de US$ 1,2 trilhão até o fim deste ano, composta por hardware, infraestrutura em nuvem, software e serviços de consultoria e gerenciamento. Entender como essa solução pode se adaptar às transformações futuras é a chave para o sucesso. O resultado é um crescimento sustentado e sustentável, ao longo dos anos. Para o hoje e para o amanhã, ser híbrido e aberto nunca fez tanto sentido.
*Paulo Bonucci é vice-presidente sênior e general manager da Red Hat para a América Latina
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