Euro atinge paridade com dólar pela 1ª vez em 20 anos: o que isso significa

Moeda europeia, historicamente de maior valor em relação à americana, recua diante da alta do juro nos EUA e da fraqueza da economia da região

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Bloomberg — O euro alcançou a paridade com o dólar nesta manhã de terça-feira (12) pela primeira vez desde o início de sua circulação, há duas décadas, antes de se recuperar repentinamente.

O euro caiu para US$ 1,00003 por volta das 7h (horário de Brasília) – o nível mais fraco desde 2002, de acordo com preços compilados pela Bloomberg. Em seguida, saltou e reverteu as perdas para negociar até o nível de US$ 1,00688. Outras plataformas de cotações mostraram que a moeda atingiu brevemente a paridade, levando alguns a debater se a diferença havia diminuído.

A rápida reversão mostra o quanto de dinheiro está em jogo se o nível de paridade entre as moedas for violado. Desde que o euro caiu abaixo de US$ 1,05, dados da Depository Trust & Clearing Corporation (DTCC) mostram que a paridade se tornou a opção (derivativo) mais negociada na moeda. Isso significa que muitos traders têm motivos para defender o nível, com o movimento do preço desta terça-feira (12) mostrando um caso clássico de proteção dessa barreira.

“Entendo que há uma grande fila de pedidos de compra [de euro] a 1,00 [dólar] no mercado, em busca da redução da exposição vendida por meio de estruturas spot [à vista] ou de opções”, disse Neil Jones, chefe de vendas de câmbio para instituições financeiras do banco Mizuho.

A espiral descendente do euro foi rápida, dado que a moeda estava sendo negociada em torno de US$ 1,15 em fevereiro. Desde então, aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve - atualmente no patamar entre 1,50% e 1,75% - pressionou o dólar, enquanto a invasão da Ucrânia pela Rússia piorou as perspectivas econômicas na zona do euro e elevou o custo das importações de energia da região.

Apesar de os traders terem oferecido uma defesa do nível de US$ 1 nesta terça, isso pode ser em vão se os ventos contrários macroeconômicos que empurraram o euro para baixo voltarem à tona. Embora a paridade continue sendo a aposta favorita de investidores, as negociações do DTCC (Depository Trust and Clearing Corporation) nesta semana sugerem que o interesse crescente por opções aponta agora para algo 5% abaixo do nível à vista atual.

“Não há nada de incomum nem de extremo tanto do posicionamento de mercado quanto da perspectiva de fluxo com a paridade do euro com o dólar”, disse George Saravelos, chefe global de pesquisa cambial do Deutsche Bank AG.

“No entanto a redução da liquidez pode gerar um movimento desordenado de preços nos próximos dias, pois grandes fluxos no mercado tendem a gerar movimentos maiores na taxa de câmbio.”

-- Com a colaboração de Alice Gledhill.

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