Euro atinge paridade com dólar pela 1ª vez em 20 anos: o que isso significa

Moeda europeia, historicamente de maior valor em relação à americana, recua diante da alta do juro nos EUA e da fraqueza da economia da região

Billetes de euro Fotógrafo: Alessia Pierdomenico/Bloomberg
Por Greg Ritchie
12 de Julho, 2022 | 11:19 AM

Bloomberg — O euro alcançou a paridade com o dólar nesta manhã de terça-feira (12) pela primeira vez desde o início de sua circulação, há duas décadas, antes de se recuperar repentinamente.

O euro caiu para US$ 1,00003 por volta das 7h (horário de Brasília) – o nível mais fraco desde 2002, de acordo com preços compilados pela Bloomberg. Em seguida, saltou e reverteu as perdas para negociar até o nível de US$ 1,00688. Outras plataformas de cotações mostraram que a moeda atingiu brevemente a paridade, levando alguns a debater se a diferença havia diminuído.

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A rápida reversão mostra o quanto de dinheiro está em jogo se o nível de paridade entre as moedas for violado. Desde que o euro caiu abaixo de US$ 1,05, dados da Depository Trust & Clearing Corporation (DTCC) mostram que a paridade se tornou a opção (derivativo) mais negociada na moeda. Isso significa que muitos traders têm motivos para defender o nível, com o movimento do preço desta terça-feira (12) mostrando um caso clássico de proteção dessa barreira.

Euro salta após quase negociar abaixo da paridade pela primeira vez em duas décadas

“Entendo que há uma grande fila de pedidos de compra [de euro] a 1,00 [dólar] no mercado, em busca da redução da exposição vendida por meio de estruturas spot [à vista] ou de opções”, disse Neil Jones, chefe de vendas de câmbio para instituições financeiras do banco Mizuho.

A espiral descendente do euro foi rápida, dado que a moeda estava sendo negociada em torno de US$ 1,15 em fevereiro. Desde então, aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve - atualmente no patamar entre 1,50% e 1,75% - pressionou o dólar, enquanto a invasão da Ucrânia pela Rússia piorou as perspectivas econômicas na zona do euro e elevou o custo das importações de energia da região.

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Apesar de os traders terem oferecido uma defesa do nível de US$ 1 nesta terça, isso pode ser em vão se os ventos contrários macroeconômicos que empurraram o euro para baixo voltarem à tona. Embora a paridade continue sendo a aposta favorita de investidores, as negociações do DTCC (Depository Trust and Clearing Corporation) nesta semana sugerem que o interesse crescente por opções aponta agora para algo 5% abaixo do nível à vista atual.

“Não há nada de incomum nem de extremo tanto do posicionamento de mercado quanto da perspectiva de fluxo com a paridade do euro com o dólar”, disse George Saravelos, chefe global de pesquisa cambial do Deutsche Bank AG.

“No entanto a redução da liquidez pode gerar um movimento desordenado de preços nos próximos dias, pois grandes fluxos no mercado tendem a gerar movimentos maiores na taxa de câmbio.”

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-- Com a colaboração de Alice Gledhill.

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