Bolsonaro vs. Lula: o que as buscas na internet revelam sobre os eleitores

Candidatos que lideram as pesquisas concentram uma média de 8 milhões de buscas mensais na internet, muitas associadas a palavras-chave

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Bloomberg Línea — A pouco menos de três meses do primeiro turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, candidatos líderes nas pesquisas de intenções de voto, concentram juntos uma média mensal total de oito milhões de buscas na internet.

Os números fazem parte de um levantamento da empresa de inteligência de mercado Similarweb.

O levantamento, cujos dados são divulgados em primeira mão pela Bloomberg Línea, também mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) concentrou o maior volume de buscas entre janeiro e abril deste ano, com média mensal de 5,8 milhões de acessos.

Na sequência vem o ex-presidente Lula (PT), com uma média de 2,1 milhões de buscas mensais.

A seguir no ranking de buscas estão Ciro Gomes (PDT), que aparece em terceiro lugar, com 529 mil buscas, e Simone Tebet (MDB), com 113 mil consultas mensais sobre ela na internet.

“Uma palavra-chave é um termo que pode ser pesquisado em relação a diversos outros termos. Ou seja, a audiência não pesquisa por Bolsonaro apenas digitando o seu nome, ela pode ir em busca de informações digitando ‘presidente bolsonaro”, o que teria um volume de buscas por si só”, explica Davi Waltrick, head de marketing & insights para a Similarweb no Brasil.

O que dizem as palavras-chaves

Na pesquisa eleitoral mais recente para a presidência, publicada na quarta-feira (6) pela Genial/Quaest, o candidato petista aparece com 45% das intenções de voto, e o presidente Bolsonaro, com 31%. A diferença entre os dois candidatos em relação à pesquisa anterior caiu de 16 para 14 pontos.

Waltrick explica que as buscas na internet indicam o que a audiência pesquisa ou procura saber a respeito dos candidatos, e o que é mais relevante para ela. Ou seja, sinalizam potencialmente fatores que podem pesar para uma eventual tomada de decisão sobre o candidato.

Ele diz que é preciso analisar as palavras-chave relacionadas, ou seja, os termos que se conectam à busca principal, mas esclarece que a correlação dos termos com as palavras relacionadas não infere teor positivo ou negativo nas buscas.

O relatório da Similarweb mostrou que o termo “Bolsonaro” tem alta correlação com pesquisas recentes sobre a sua atuação como presidente, além da busca de informações no YouTube sobre a sua atividade política. Waltrick ressalta que foi verificada uma alta por “Bolsonaro impeachment” e o nome de seus parentes inseridos na política. Também notou-se a procura por seu Twitter pessoal, “possivelmente indicando uma alta no uso desse canal para acessar informações sobre ele”, explica.

No caso de Lula, os dez principais termos são relacionados à sua atuação como presidente, além de notícias recentes. No caso de termos correlacionados, “Petrobras” ocupa a 12ª e a 13ª posição em um ranking com 73 palavras relacionadas, o que pode sugerir um eventual interesse pelo posicionamento do ex-presidente sobre a política de combustíveis da estatal. Waltrick explica que, quanto mais palavras relacionadas, mais interesse há na busca por informações relacionadas ao termo-chave.

Mesmo diante do grande volume de buscas envolvendo os termos, é possível notar que há uma estabilização em torno das pesquisas envolvendo o atual presidente, enquanto o interesse por Lula tem crescido nos mecanismos de busca online segundo os dados mais recentes.

De forma geral, ao verificar uma tendência de queda em determinado volume de buscas, entende-se que o termo está sendo menos buscado. Essa tendência de queda das buscas pode significar uma perda de interesse da audiência por informações relacionadas ao termo, segundo Waltrick, ou ainda uma estabilização que reflete que as pessoas podem estar usando o tráfego direto. Ou seja, que elas estão digitando o domínio de portais e veículos de comunicação diretamente no navegador e lendo as notícias que incluem informações relacionadas a um determinado candidato.

Por outro lado, o aumento nas pesquisas online, o que foi visto com o termo “Lula”, não indica um avanço nas intenções de voto mas sim um crescimento de buscas e do interesse relacionados. “Se mais buscas estão sendo feitas, significa que a relevância do termo também vai aumentar”, diz.

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