Bloomberg — O cantor pop JVKE tem postado clipes curtos dele dançando e fazendo palhaçadas na plataforma do Youtube Shorts por mais de um ano. Em um, ele canta dentro de uma garrafa de refrigerante. Em outro, ele finge mostrar o que faria se flagrasse uma traição de sua namorada. Alerta de spoiler: isso envolve a composição de uma nova música.
Todo tempo gasto com os vídeos tem valido a pena. O cantor, que começou postando clipes no TikTok, tem agora mais de 1,8 milhões de assinantes no Youtube, sendo que mais de 1/3 deles foram adicionados neste ano. O Youtube, uma divisão da Alphabet (GOOG), unidade do Google, deseja que mais músicos façam vídeos curtos para sua plataforma.
Em informações compartilhadas com a Bloomberg, o site de mídia social diz que artistas estão usando o Shorts, seu competidor do TikTok, para aumentar rapidamente as assinaturas. Além de JVKE, outros beneficiados pelo produto incluem os cantores Madilyn Bailey, Cooper Alan e Emeline, que incrementaram seus números de assinantes em 480 mil, 290 mil e 150 mil, respectivamente.
“É uma oportunidade muito importante para artistas e fãs”, diz Lyor Cohen, head global de música do YouTube, em entrevista.
Cohen está animado com a oportunidade da indústria da música com o formato curto, embora ele esteja também “profundamente preocupado” que alguns espectadores possam apenas assistir aos conteúdo curto sem explorar o artista com profundidade, suas obras mais longas, como clipes e entrevistas. Ele trata os vídeos curtos que não levam ao link de conteúdo mais longo como “junk food”.
“Acho que vídeos curtos podem ajudar na colaboração coletiva e tornar mais fácil para crianças encontrarem a trilha sonora de sua geração, mas você tem de ser instigado, e isso tem de te conduzir a um conteúdo mais longo, então, não é algo vazio, mas te levar a aprender, a descobrir e se tornar fã”, disse Cohen.
O Youtube lançou o Shorts há dois anos. Ele foca em vídeos de menos de um minuto de duração. A chance de levar a vídeos mais longos, gerando mais receita de publicidade, no entanto, é grande. Desde abril, o Shorts com conteúdo proveniente de outros vídeos mais longos, não apenas de temas musicais, gerou mais de 100 bilhões de visualizações, informou o YouTube. A companhia está mirando “criadores multiformatos” que façam ambos os formatos (longos e curtos). O YouTube está pagando alguns músicos e gravadoras para criar Shorts.
Ainda assim, uma repercussão negativa envolvendo artistas começou. Alguns, como a cantora Halsey, se manifestou recentemente sobre a pressão para criar trechos virais para o TikTok. Cohen disse que o Shorts deve prosperar porque os artistas podem escolher tanto formatos curtos como longos, ou ambos.
“Acreditamos que nossos artistas vão orientar como eles querem se expressar e se comunicar com seus fãs”, disse Nicki Shamel, vice-presidente senior de parcerias comerciais globais na AWAL, que faz parcerias com artistas para a criação e distribuição de conteúdo.
“Honestamente, tem de ser uma escolha pessoal, e algo que seja autêntico para eles, mas para alguns artistas, o formato curto é uma pressão mínima, diversão e um meio inspirador de interagir e se comunicar com seus fãs”.
O YouTube informou em junho que atingiu mais de 1,5 bilhão de usuários do Shorts por mês. O TikTok aumentou a duração máxima de seu vídeo para 10 minutos no começo deste ano num esforço para tornar-se um destino de vídeos completos. No início em 2016, a plataforma era de vídeos de apenas 15 segundos.
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