Bloomberg — A cidade de Nova York está reduzindo os locais de testagem para covid, mesmo com as subvariantes da ômicron provocando um aumento nacional nas taxas de novos casos e hospitalizações.
O sistema de saúde pública informou, em seu site, ter desativado centenas de postos de realização de exames, enquanto a atenção pública para o vírus vai diminuindo.
Enquanto isso, a taxa de resultados positivos em comparação ao total de exames, um indicador da velocidade de transmissão, subiu para 15,4% nesta semana, quase quatro vezes do que foi registrada em abril.
Hospitalizações e mortes, que podem ser um indicador com defasagem, caíram levemente nas últimas semanas, segundo relatos do departamento de saúde de Nova York. O prefeito Eric Adams disse, na quinta-feira (7), que os hospitais não estão pressionados e que a cidade está em uma “situação boa e estável”.
As subvariantes da ômicron (BA.4 e BA.5) estão impulsionando as infecções, atingindo pelo menos 70% dos casos no país, segundo o Centro de Controle de Doenças e Prevenção.
Enquanto elas se tornam mais transmissíveis e capazes de driblar as defesas imunológicas do que as versões anteriores, as pessoas que já foram vacinadas ou infectadas estão, em geral, sofrendo sintomas menos severos da doença, segundo Dan Barouch, virologista do hospital Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston.
“Acho que as vacinas essencialmente fizeram seu trabalho”, disse Barouch, que desenvolveu a vacina da Johnson & Johnson. “Elas transformam uma doença que ameaça a vida em uma que, na maioria dos indivíduos, se torna uma doença moderada”.
No início do mês, a prefeitura nova-iorquina encerrou o uso de um código de cores do seu sistema de alerta sobre a covid, implementado desde que o novo prefeito assumiu a administração em janeiro. A cidade ainda está pedindo aos nova-iorquinos para tomar a dose extra da vacina e usar máscaras em ambientes abertos.
Nem todo mundo está aplaudindo o movimento. Gregg Gonsalves, um infectologista da Escola de Saúde Pública de Yale, disse que o fim do sistema de alerta significa ignorar a realidade de um potencial surto.
“Entramos na fase da pandemia ‘não veja nada mal’, ‘não fale nada mal’, “não escute nada mal”: se fingirmos que não existe, até parando a contagem dos casos, pensamos que isso vai desaparecer. Infelizmente, a ignorância planejada não traz felicidade”.
A média de casos diários em sete dias superou 106 mil até a última quarta-feira (6) no país, segundo o CDC, um salto da média de 25 mil casos na maior parte de março e abril. As taxas de hospitalização também estão com uma alta leve, de uma média diária de 4.930 em junho para 5.080 na semana do dia 5 de julho.
A confiança nas medidas de saúde pública divide opiniões, segundo pesquisa da Pew Research, que mostrou que 53% dos americanos dizem que o país está priorizando corretamente a saúde pública durante a pandemia, enquanto 34% dizem que o surto tem recebido menor atenção.
Máscaras
Enquanto isso, a contínua luta contra o vírus pelo país tem trazido uma variedade de respostas das autoridades de saúde.
O Texas viu um saldo nos casos de covid nos últimos dois meses, e as hospitalizações por causa da doença atingiram o maior nível desde março.
Autoridades da cidade de Austin pediram que os moradores usem máscaras N95 em meio à transmissão generalizada e a queda da imunidade. Em junho, a cidade desistiu dos planos de desativar locais de vacinação enquanto a demanda pelo imunizante aumentou para crianças de até 5 anos de idade.
Na Califórnia, a taxa diária de testes positivos de 15% é a mais alta desde janeiro. Regiões metropolitanas com alta taxa de transmissão comunitária incluem São Francisco, Sacramento e Ventura, segundo o CDC.
Enquanto as taxas de hospitalização na região de Los Angeles se mantêm relativamente estáveis no último mês, BA.4 e BA.5 tornaram-se causa de preocupação, segundo disse a diretor de saúde pública Barbara Ferrer, na última quinta-feira.
A capacidade de reinfecção pessoal que foram infectadas por outras variantes é particularmente perturbadora, disse ela.
Outras nova variantes podem apresentar uma ameaça do retorno de uma doença severa generalizada, disse Barouch, então é importante se manter vigilante. Isso significa a continuidade das testagens e do monitoramento, segundo o especialista de Yale.
O coronavírus “continuará infectando americanos, abreviando vidas, mandando pessoas para o o hospital, algumas para o necrotério, com sintomas perdurando por meses ou anos”, disse ele. Recuar na testagem “não é um plano, mas um resignação”.
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