Colapso cripto ameaça ampliar desigualdade racial nos EUA

Uma proporção maior de investidores negros foi prejudicada pela liquidação das criptomoedas, conforme pesquisa da consultoria Morning Consult

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Bloomberg — Os ativos digitais que atraíram investidores negros com a promessa de enriquecimento rápido estão agora em queda livre e ameaçam ampliar as desigualdades no mercado financeiro.

Em uma pesquisa com mais de 4.400 pessoas nos Estados Unidos, cerca de um quarto dos entrevistados negros e hispânicos disseram que já tiveram ou detinham criptomoedas, contra apenas 17% dos brancos, segundo um relatório da consultoria de negócios Morning Consult. Isso sugere que uma proporção maior de investidores negros foi prejudicada pela liquidação das criptomoedas, que já eliminou US$ 2 trilhões em valor de mercado.

As famílias negras são quase seis vezes mais propensas a terem falta ou nenhuma bancarização do que as brancas e sofrem mais frequentemente com recusa de financiamento imobiliário, que há muito é visto como chave para o sucesso e a segurança financeira. Isso criou desigualdades gritantes, com um patrimônio líquido de US$ 188.200 em uma família branca típica, ante US$ 24.100 entre famílias negras e US$ 36.100 nos lares hispânicos, segundo pesquisa de 2019 do Federal Reserve.

As criptomoedas foram aclamadas como um ativo descentralizado com o poder de democratizar o acesso ao dinheiro e serviços financeiros – e provou ser particularmente atraente para investidores de grupos minoritários que enfrentam barreiras para acumular riqueza através de instituições financeiras tradicionais, disse Charlotte Principato, analista de serviços financeiros da Morning Consult.

A barreira de entrada para criptomoedas é menor”, disse. “Os consumidores negros, em particular, veem as criptomoedas como uma oportunidade de construir riqueza fora de um sistema tradicional que não os serviu bem historicamente.”

Pequenos investidores foram atraídos por histórias de pessoas que se tornaram milionários da noite para o dia com criptomoedas e pelo endosso de celebridades como Kim Kardashian e Elon Musk. Isso ajudou a popularizar as criptomoedas, com mais de 15% de adoção entre os consumidores, segundo a Morning Consult.

“A criptomoeda se tornou um fenômeno cultural”, disse Principato. “Há um medo de perder o bonde entre os consumidores .”

Desconfiados dos mercados de ações, quase 40% dos jovens investidores negros investiram avidamente em ativos digitais, classificando as criptomoedas como a melhor opção de investimento, de acordo com uma pesquisa de abril da Ariel Investments e da Charles Schwab.

Agora, uma proporção maior deles está exposta a uma queda cada vez maior, com as maiores criptomoedas amargando queda de 65% apenas em 2022, de acordo com o Galaxy Crypto Index da Bloomberg.

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