Bloomberg Línea — Há mais razões pelas quais startups da América Latina estão sofrendo além da alta de juros. Números contraditórios na diligência (due dilligence), taxa de queima de dinheiro e necessidade de captar a qualquer custo - o que significa rodadas a um valuation menor, ainda que necessárias para manter a operação em último caso.
Mas, mesmo com a queda de aportes em startups brasileiras, segundo o relatório Inside Venture Capital da plataforma de inovação Distrito, o volume investido nas startups brasileiras de estágios iniciais cresceu no primeiro semestre de 2022.
As rodadas do tipo seed (anjo, pré-seed, seed) saltaram de US$ 151 milhões em 2021 para US$ 282 milhões neste ano, enquanto os rounds early stage (que compreendem as séries A e B) passaram de US$ 1,23 bilhão para US$ 1,39 bilhão. Ou seja, um crescimento da ordem de 21% na soma das rodadas nos dois estágios de startups. E a Creditas e a GoodStorage receberam cheques maiores.
Veja abaixo as empresas que captaram nesta semana:
Creditas
A Creditas, fintech brasileira de crédito com garantia, acertou uma extensão de US$ 50 milhões com o Andbank e outros investidores de sua rodada Série F de US$ 260 milhões, que havia sido liderada pela Fidelity e foi realizada em janeiro deste ano. A extensão, que será usada para comprar a licença do Andbank no Brasil, eleva o montante da rodada para US$ 310 milhões, mas ao mesmo valuation de sete meses atrás: US$ 4,8 bilhões.
GoodStorage
A GoodStorage, marca de locação de boxes que atua em São Paulo com o propósito de tornar os espaços urbanos mais eficientes, recebeu um aporte de US$ 75 milhões na terceira rodada de investimentos liderada pela gestora de private equity Evergreen Investment Advisors.
O investimento será destinado à expansão dos negócios da companhia, que deve abrir mais de 10 novas unidades (100.000 m²) até o final de 2023.
Grupo GCB
O Grupo GCB, holding especializada no mercado financeiro e de capitais, fechou um acordo com a fintech belga Credix para receber US$ 13 milhões de aporte para as suas operações. A transação vai injetar cerca de R$ 63 milhões no caixa da empresa, especialmente na fintech Adiante, que oferece crédito para PMEs (pequenas e médias empresas) por meio de antecipação de recebíveis.
OneBlinc
O Inovabra Ventures, braço de venture capital que faz parte do ecossistema de inovação do Bradesco (BBDC4), investiu US$ 10 milhões na rodada de captação da OneBlinc. A fintech americana, liderada por executivos brasileiros, já desembolsou mais de R$ 700 milhões em crédito pessoal, cobrindo cerca de 50 mil clientes nos Estados Unidos.
A plataforma foi lançada há menos de quatro anos, com a oferta de crédito com desconto em folha de pagamento para o setor público, mas já se move na direção de ampliar sua operação para o setor privado, contando com soluções de conta corrente, adiantamento de salário, cashback, além de um cartão de débito co-branded com a MasterCard.
Leia também:
Creditas capta US$ 50 mi, mantém valuation e compra banco no Brasil
Loft, uma das startups mais valiosas da América Latina, corta 12% das vagas