Bloomberg Línea — O bilionário Elon Musk informou em carta registrada no órgão regulador americano que desistiu da compra do Twitter (TWTR) por US$ 44 bilhões. O comunicado foi enviado à SEC no início da noite desta sexta-feira (8), alegando que a plataforma não cumpriu com suas obrigações do acordo.
Segundo a carta assinada pelo advogado Mike Ringler, do escritório Skadden Arps, o Twitter não providenciou as informações demandadas por Musk e previstas em contrato. O bilionário disse em diferentes ocasiões que queria provas da plataforma social de que as contas de spam não representavam mais do que 5% das contas totais que podem ser monetizadas, por exemplo.
A ação do Twitter caía mais de 6% nas negociações do after market na Nasdaq, em Nova York.
O Twitter informou que irá recorrer na Justiça.
O acordo de Musk com o Twitter incluía uma cláusula de que, se fosse quebrado, a parte que desistisse pagaria uma taxa de rescisão de US$ 1 bilhão, sob certas circunstâncias. Especialistas jurídicos debatem se o conflito sobre bots de spam é suficiente para permitir que Musk abandone o acordo.
Mas o empresário pode não conseguir sair simplesmente pagando a taxa de rescisão. O acordo de fusão inclui uma cláusula de desempenho específica que permite ao Twitter forçar Musk a consumar o acordo, segundo documento original. Isso pode significar que, caso o acordo termine mesmo na Justiça, o Twitter pode garantir uma ordem obrigando Musk a concluir a fusão, em vez de ganhar uma compensação monetária por quaisquer violações dela.
No mercado, analistas diziam que, além da questão do número de contas de spam, havia outra razão para a provável - agora confirmada - desistência de Musk do negócio, principalmente nas últimas semanas. Ele ofereceu US$ 44 bilhões, ou US$ 54,20 por ação, no fim de abril, quando o mercado ainda não havia mergulhado em forte movimento em queda das cotações por causa da alta dos juros.
As ações do Twitter encerraram nesta sexta negociadas a US$ 36,81, o que significa que a oferta de Musk, se concretizada, pagaria aos acionistas um prêmio de quase 50%.
Ontem (7), o Washington Post já havia informado que o acordo estava em “sério perigo”, citando três pessoas familiarizadas com o assunto, após a equipe de Musk concluir que o Twitter não pode verificar seus números de contas de spam, uma questão ida qual o CEO da Tesla (TSLA) reclamou.
-- Com informações de Bloomberg News.
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