São Paulo — Os passageiros de alta renda devem ganhar um terminal exclusivo no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP) a partir de 2023. A operadora canadense de capital de investidores árabes AEPM Services deve projetar, construir e operacionalizar o novo equipamento, segundo uma fonte a par do assunto, que pediu anonimato pois a informação ainda não é pública.
Isso significa que a AEPM acabou optando pela operação própria do futuro terminal, preterindo a Jetex, empresa internacional com atuação em mercados lucrativos de aviação executiva como Dubai, nos Emirados Árabes, que estava em negociação com parceiros do projeto.
O investimento estimado em US$ 80,6 milhões depende ainda da obtenção de licenciamento ambiental. A GRU Airport, concessionária do maior aeroporto do Brasil, deve assinar nesta quinta-feira (7) o contrato comercial de 40 anos de duração para a construção do terminal, conforme a fonte disse à Bloomberg Línea.
Em junho, o governo federal autorizou que a concessionária GRU Airport assinasse um contrato comercial por 40 anos do espaço para a construção do terminal VIP.
Em recente entrevista à Bloomberg Línea, o secretário de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann, disse que a escolha da Jetex ainda não estava definida.
Segundo a GRU Airport, o espaço de mais de 5.100 m² será o primeiro Terminal VIP para passageiros da América do Sul e o maior do mundo na sua categoria e deve começa a funcionar no ano que vem.
Glanzmann disse que o projeto foi apresentado ao governo por Fethi Chebil, consultor da ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil), radicado no Canadá e apresentado como autoridade da aviação civil na Arábia Saudita. Chebil é CEO da AEPM International.
O executivo, que é um usuário ativo em sua conta no Twitter comentando notícias da aviação mundial, teve uma reunião oficial com Glanzmann na sede do Ministério da Infraestrutura, em Brasília, no dia 4 de novembro de 2019, antes do início da pandemia.
Dobro do prazo
O terminal VIP deve contribuir para desenvolver projetos privados de infraestrutura de lazer, compras e turismo que buscam rentabilizar o fluxo de viajantes na área do aeroporto.
Glanzmann desvinculou o aval ao projeto do terminal VIP da situação financeira da GRU Airport. A concessionária foi beneficiada, em dezembro passado, por um desconto de cerca de R$ 800 milhões em suas obrigações de pagamento de outorga, autorizado pela Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) e pela SAC (Secretaria Nacional de Aviação).
Na época, a concessionária justificou o desconto como forma de compensação econômico-financeira do contrato de concessão, dado os prejuízos do setor durante a pandemia da covid-19.
Publicada no Diário Oficial da União, a portaria nº 704, de 9 de junho deste ano, autorizou a celebração do contrato comercial entre a GRU Airport e a AEPM International Brazil LTDA, que envolve a cessão de espaço no complexo aeroportuário por 40 anos, um prazo que é o dobro do período de vigência da concessão.
Glanzmann justificou que o prazo para o Terminal VIP foi maior para fornecer segurança jurídica ao investimento, evitando o risco de problemas com uma possível mudança de concessionária responsável pelo aeroporto de Guarulhos. A portaria citava que o contrato era para “fins de construção e exploração do novo terminal de passageiros”.
Aeroporto Catarina
O secretário rebateu comparações do futuro Terminal VIP de Guarulhos com o Aeroporto Catarina, primeiro terminal aeroportuário internacional de propriedade e investimento 100% privado, em São Roque, a cerca de 70 quilômetros. Glanzmann disse que o terminal de Guarulhos visa atender aos passageiros de classes executivas das empresas de aviação, e não os ocupantes de jatinhos.
“O passageiro da primeira classe vai ter a opção de desembarcar de uma aeronave comercial, de um voo regular, e entrar logo em um carro que o espera para levá-lo até o Terminal VIP para o desembarque”, exemplificou.
Nesta quinta (7), durante a assinatura do contrato, o CEO da AEPM e o CEO da GRU Airport, Gustavo Figueiredo, devem fornecer detalhes técnicos do projeto durante uma entrevista coletiva.
Leia também
Por que os multimercados voltaram a ganhar espaço na carteira do investidor
Batalha dos VRs: a disputa no Congresso sobre o mercado de R$ 150 bilhões