Por que a BTG Asset reduziu a aposta em Brasil e elevou no México

Um dos investidores mais conhecidos da América Latina reduziu a exposição a ações brasileiras em meio a preocupações crescentes com commodities

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Bloomberg — Um dos investidores mais conhecidos da América Latina, Will Landers reduziu sua exposição a ações brasileiras em meio a preocupações crescentes com o cenário para os preços de commodities, ainda que o mercado acionário local negocie nos menores múltiplos em mais de uma década.

Landers, que é chefe de ações para a região da BTG Pactual Asset Management, aproveitou o movimento para aumentar as suas alocações em México, à medida que empresas norte-americanas buscam transferir sua produção para fora da Ásia e mais perto de seu país natal.

Recentemente nos movemos para uma posição neutra em Brasil diante de preocupações de curto prazo com o cenário para commodities, especialmente os preços de minério de ferro”, disse Landers, em entrevista. “Preferimos Chile e México, nossos únicos ‘overweights’ (com exposição acima da média do índice de referência) na região.”

A decisão pode não parecer óbvia. O México registrou performance mais forte do que seus pares regionais ao longo do ano passado e atualmente negocia a 12 vezes o lucro estimado -- quase o dobro do múltiplo do índice Ibovespa. A relação preço/lucro estimado no Brasil atingiu o menor nível desde 2008.

Mesmo com preços mais esticados na comparação relativa, o México permanece atrativo em meio a um ambiente político menos conturbado do que os pares, enquanto o dinheiro das remessas enviadas por mexicanos no exterior a suas famílias ajuda a impulsionar o setor de consumo doméstico e as tensões comerciais entre EUA e China levam companhias a aumentar sua presença no México, diz Landers.

“O México nos deu a oportunidade de comprar”, disse Landers, que trabalhou por quase duas décadas na BlackRock e começou na BTG Asset em 2019. “Nós gostamos de empresas mexicanas que tenham mais exposição à região Norte do país.”

O Chile, por sua vez, tem sido um dos favoritos de Landers por mais tempo, com a visão de que a economia está desacelerando “a um ritmo mais razoável” e dado que o país abriga a Sociedad Quimica y Minera de Chile (SQM), a maior empresa de lítio do mundo, que ganha com o processo de eletrificação global. Além disso, há um fator político.

“As pesquisas têm mostrado que a Constituição que está sendo rascunhada deve ser rejeitada, o que seria positivo para os preços dos ativos”, disse Landers.

O gestor está neutro em Brasil pela primeira vez desde o início da pandemia, em março de 2020, e ficou “underweight” (com exposição abaixo da média do índice de referência) na mineradora Vale em meio a uma reabertura econômica “frustrante e irregular” na China. Os preços do minério de ferro recuaram 25% no segundo trimestre, em meio ao aumento dos estoques e com receio de cortes mandatórios na produção de aço na China.

Dentro do Brasil, Landers está apostando em empresas de consumo básico e utilities. Ele montou uma “posição relevante” em Eletrobras (ELET3) - que foi recentemente privatizada por meio de uma oferta de ações gigantesca. Ações de companhias de consumo com foco nas classes mais altas também estão entre suas preferências.

Enquanto a eleição presidencial de outubro deve elevar a volatilidade política, Landers diz que não espera uma grande ruptura na política fiscal do país a partir de 2023.

“Esperamos que o vencedor mantenha um certo nível de continuidade nas reformas econômicas iniciadas em 2016”, disse Landers. “Uma vez que a gente saiba os planos e o time, deve haver algum alívio por conta desse sinal esperado de continuidade.”

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