Como essa operadora manteve os celulares da Ucrânia funcionando mesmo com a guerra

Kyivstar disse ter perdido funcionários e quase 10% das instalações da rede para a disputa, que já dura cinco meses

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Por Pablo Fernandez Cras e Cagan Koc
04 de Julho, 2022 | 02:51 PM

Bloomberg — Funcionários mortos e deslocados, infraestrutura tomada à força e ataques cibernéticos implacáveis são apenas alguns dos desafios que a maior operadora de telefonia móvel da Ucrânia está tendo que enfrentar enquanto o país tenta combater a invasão da Rússia.

Alexander Komarov, diretor executivo da Kyivstar, disse que cerca de 10% da rede da empresa não tem como funcionar porque as autoridades russas desligaram as estações base e capturaram o hardware. E isso é apenas parte do problema.

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Desde que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou o ataque contra a Ucrânia, a Kyivstar está sujeita a um “enorme aumento de ataques de hackers e um salto ainda maior em ataques de phishing”, disse Komarov na segunda-feira (4) em uma entrevista em vídeo de Lugano, na Suíça, de onde participa de uma conferência sobre a reconstrução da Ucrânia.

A equipe da empresa também teve mortes, com um funcionário morto no subúrbio de Bucha, em Kiev, onde a Ucrânia acusou as forças russas de cometer crimes de guerra. Outro dos 3.700 funcionários da Kyivstar está desaparecido desde maio, e cerca de um terço foi detido pelas forças russas, disse ele. Mais de 100 foram convocados para o exército.

“Cerca de 10% de nossos funcionários agora estão em uma proximidade perigosa da linha de combate, mas estão fazendo trabalhos essenciais lá”, disse Komarov.

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Perdas de bilhões

A Kyivstar interrompeu as operações em território ocupado pela Rússia e converteu escritórios em abrigos, para onde cerca de um quarto de sua força de trabalho se mudou temporariamente por segurança.

Komarov disse que é difícil quantificar os danos que a empresa sofreu porque não tem acesso a território não controlado pelas forças de Kiev. Mas ele estimou perdas de bilhões de hryvnia, a moeda ucraniana, citando “escritórios em ruínas, centros de vendas, estações base”.

Um lado positivo da guerra tem sido a solidariedade entre as operadoras de telefonia móvel da Ucrânia, segundo Komarov, que disse que a concorrência no setor “quase evaporou” à medida que ex-rivais uniram forças para ajudar a fornecer continuidade de serviço.

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A Kyivstar é uma subsidiária da Veon, fundada em Moscou em 1992 como VimpelCom, uma das primeiras operadoras de telefonia celular da Rússia. Hoje, a Veon é uma gigante de telecomunicações com sede na Holanda, atendendo a mais de 217 milhões de clientes em nove países.

Ainda é a terceira maior operadora de telefonia móvel da Rússia com sua marca Beeline, com a qual a Kyivstar não tem contato, disse Komarov.

“Somos descentralizados, é uma operação independente”, disse ele, acrescentando que o Kremlin sancionou dois membros do conselho da operadora ucraniana.

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Ao mesmo tempo, a LetterOne Investment, fundada pelo bilionário russo Mikhail Fridman, possui 47,9% da Veon. Fridman, que está sob sanções da União Europeia e do Reino Unido, deixou os conselhos da Veon e LetterOne após o início da guerra.

Presença chinesa

A Kyivstar depende do suporte técnico dos quatro principais fornecedores globais de equipamentos de telecomunicações Ericson, Nokia, ZTE e Huawei, disse Komarov.

Mas a tentativa da Ucrânia de ingressar na UE pode complicar os laços futuros com a Huawei, porque o Mecanismo de Triagem de Investimentos do bloco restringe o investimento de fora em setores estratégicos.

Quando perguntado se o Kyivstar e o governo ucraniano estão preparados para administrar as tensões decorrentes da presença chinesa, Komarov disse que isso seria levado em consideração e que estava “absolutamente certo de que o futuro da Ucrânia está muito relacionado à nossa capacidade de avançar em direção à União Europeia. .”

Ele também se recusou a dar detalhes da posição financeira da Kyivstar por causa da incerteza criada pela guerra.

“Do meu ponto de vista, não enviaremos dividendos da Ucrânia por um tempo”, disse ele. “Todos os recursos devem ficar no país.”

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