Onda vendedora de techs continua: BlackRock vende ações de Enjoei e Intelbras

Gestoras e empresas de VCs reduzem posições mesmo com cotações em baixas históricas ou em casos em que as ações estão acima do IPO

BlackRock
03 de Julho, 2022 | 08:32 AM

Bloomberg Línea — Maior gestora do mundo, a BlackRock reduziu sua participação na Enjoei (ENJU3), maior plataforma digital de brechós do país, e na Intelbras (INTB3), fabricante de aparelhos eletrônicos como telefones celulares e câmeras e um dos raros casos de estreantes com ações que se valorizaram.

A Enjoei estreou na bolsa brasileira B3 com um valuation de R$ 1,13 bilhão em novembro de 2020, sendo uma das startups pioneiras do país a ter ações listadas, em onda que se estendeu por quase um ano, até o início da virada do mercado de capitais brasileiro em agosto e setembro de 2021.

A empresa fundada pelos empreendedores Ana Luiza McLaren e Tiê Lima chegou a ter uma capitalização de mercado de R$ 2,5 bilhões, mas em 2021 caiu para R$ 563 milhões, segundo dados da Bloomberg, em razão em parte do aumento das taxas de juros no país, que reduziu o valor presente da companhia.

Já a Intelbras realizou um IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) movimentando R$ 1,3 bilhão em fevereiro do ano passado. Hoje, a empresa tem um market cap de R$ 8 bilhões.

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A Enjoei está com uma capitalização de mercado de R$ 198 milhões, quase 12 vezes menos do que a empresa valia no ano de seu IPO.

Dados da Bloomberg mostram que a Blackrock vendeu 28.690 ações da Enjoei no último dia 30 de junho. Com a cotação do papel em R$ 1,00, a gestora agora detém 0,54% das ações em circulação da Enjoei.

Fonte: Bloomberg

Entre os maiores acionistas da Enjoei estão ainda duas das maiores e mais tradicionais gestoras brasileiras, a Verde e a Dynamo - esta acompanha a companhia há mais anos, antes do IPO.

Na Intelbras, a BlackRock vendeu 19.998 ações, também no dia 30 de junho.

Das dezenas de empresas que realizaram um IPO no ano passado, a Intelbras é uma exceção com uma valorização de quase 60% desde a estreia.

De forma ampla, os valuations de empresas recém-listadas na B3 despencaram neste ano. O TC (TRAD3), por exemplo, já perdeu mais da metade do valuation que obteve em seu IPO, e a GetNinjas, que teve seu IPO em maio de 2021 com o papel precificado a R$ 20, viu suas ações caírem 87% até então.

A desvalorização acentuada e a perspectiva de queda adicional têm levado investidores de longa data a se desfazer de posições mesmo na baixa: a Monashees, uma das pioneiras da indústria de venture capital na América Latina, vendeu 6% de seu capital na GetNinjas no final de junho.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups