Bloomberg — O preço do cobre caiu abaixo do patamar de US$ 8.000 a tonelada, para o menor nível desde o início de 2021, diante do aprofundamento dos temores sobre uma desaceleração econômica global.
O metal, considerado uma espécie de termômetro da economia mundial em razão do amplo uso em diferentes indústrias, chegou ao US$ 7.959 a tonelada em Londres na semana que passou, aprofundando as perdas no pior trimestre em uma década.
Investidores parecem cada vez mais convictos de que o crescimento está prestes a ser interrompido com aperto monetário global e a crise de energia na Europa.
“Há preocupações crescentes em torno da demanda global”, disse Wei Lai, analista da TF Futures, de Xangai.
O mercado de cobre deverá enfrentar uma situação de excedente de cerca de 10% na oferta total nos próximos dois anos, com base no cenário de pouso forçado - o chamado hard landing - dos Estados Unidos e da Europa. Também pesa a fraca recuperação na China, incapaz de compensar as quedas globais na demanda, acrescentou Wei Lai, citando uma estimativa da sua corretora.
Alumínio, níquel e zinco também ampliaram a baixa das cotações e abriram o segundo semestre de “mau humor (1)depois que o índice LME dos seis metais base registrou a pior queda trimestral desde a crise financeira de 2008. Ações e futuros também recuaram na sexta-feira.
É uma súbita reversão das condições do início do ano, quando uma combinação de demanda em alta, problemas logísticos e interrupções na produção elevaram os preços de metais como cobre e níquel. Mesmo com a piora na demanda, muitos metais ainda enfrentam fortes restrições de oferta.
O minério de ferro também recua em Singapura, com a volta dos temores de que o governo chinês vai impor cortes na produção de aço em um momento de demanda fraca e estoques crescentes.
Alguns pontos positivos surgem para os metais, porém, conforme a demanda chinesa se recupera gradualmente dos lockdowns da Covid e o governo aumenta o estímulo econômico, incluindo mais investimento em infraestrutura. O mercado imobiliário do país reduziu a queda em junho, e a atividade manufatureira também reagiu com mais força que o esperado. Mesmo assim, alguns analistas estão alertando que o respiro pode ser breve.
“Achamos que a recuperação dos PMIs [Índices de Compras de Gerentes, na sigla em inglês] da China em junho foi impulsionada pela revogação das restrições de circulação para conter a Covid, e não por uma melhora nas condições econômicas subjacentes”, disse Caroline Bain, economista-chefe de commodities da Capital Economics. “Assim, acreditamos que o crescimento mais tímido da atividade na China continuará pesando sobre os preços das commodities industriais nos próximos meses.”
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