Bloomberg Línea — O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, renunciou ao cargo nesta tarde de sábado (2) após 30 meses de trabalho no governo do presidente Alberto Fernández. A queda de um dos mais importantes ministros do governo acontece em momento de crise econômica, com o dólar alcançando recorde contra o peso argentino e protestos contra a falta de diesel nos postos de combustíveis do país.
O secretário da Fazenda, Raúl Enrique Rigo, também apresentou sua renúncia neste sábado, horas depois de Guzmán. O mesmo fez o representante argentino no FMI (Fundo Monetário Internacional), Sergio Chodos. Às 20h30 em Buenos Aires, os nomes dos substitutos ainda não eram conhecidos.
Às 20h33, o secretário de Política Tributária do Ministério da Economia, Roberto Arias, publicou sua carta de demissão via Twitter.
A Bloomberg Línea confirmou com fontes do banco central da Argentina a continuidade - por ora - do chefe da autoridade monetária, Miguel Pesce.
Os pedidos de demissões ocorrem após duas semanas marcadas por forte corrida cambial contra o peso e uma crise da dívida em moeda local, que coroaram o fim de um semestre marcado pelo aumento da inflação e pelo colapso da moeda argentina em relação ao dólar. A inflação acumulada no ano já está na casa de 30% e deve encerrar 2022 acima dos 70%, segundo projeções de mercado.
Guzmán, por sua vez, entrou em confronto publicamente com a vice-presidente Cristina Kirchner nos últimos meses por seus comentários sobre as políticas econômicas do governo. O ex-ministro defende posições consideradas mais ortodoxas e alinhadas ao mercado, enquanto a ex-presidente da Argentina ataca essas medidas e se coloca a favor de um papel maior do estado na crise.
Guzmán e Cristina Kirchner também discordaram sobre a redução dos subsídios aos preços de energia, um tema que é central do acordo do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), celebrado há cerca de três meses. A vice-presidente é a favor dos subsídios de forma mais ampla.
Guzmán, que liderou as negociações da Argentina com o FMI para refinanciar a dívida com um empréstimo de US$ 44 bilhões, é formado em economia e doutor pela Columbia University, em Nova York.
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