Bloomberg Línea — O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers disse que há um risco crescente de que a recessão iminente que ele já havia antecipado comece mais cedo, ainda em 2022, e que a inflação possa desacelerar como uma das consequências.
“Os riscos de uma recessão em 2022 são significativamente maiores do que eu teria julgado seis ou nove semanas atrás”, disse Summers ao programa Wall Street Week, da Bloomberg Television, com David Westin.
“Se a economia entrar em recessão nos próximos seis a nove meses, provavelmente veremos uma redução nas pressões inflacionárias.”
Os dados divulgados nesta semana mostraram que os consumidores estão reduzindo suas compras depois de enfrentar um aumento cada vez maior da inflação desde o ano passado. Essa queda fez com que muitos economistas reduzissem suas estimativas para a economia, e alguns alertaram que é possível que o Produto Interno Bruto registre uma segunda queda consecutiva no segundo trimestre.
A economia americana teve uma retração de 1,6% na taxa anualizada no primeiro trimestre, acima das estimativas originalmente divulgadas. Trata-se de uma reversão abrupta na comparação com o crescimento de 6,9% nos três meses finais de 2021.
O cenário de uma desaceleração econômica causada por um “processo auto-realizável resultante da alta inflação e da redução da renda das pessoas” parece mais provável agora, disse Summers, professor da Universidade Harvard e colaborador pago da Bloomberg Television.
Segundo o economista, há talvez uma chance de 50%-50% - “talvez seja um pouco menos do que isso” - de que o PIB dos Estados Unidos tenha encolhido tanto no primeiro quanto no segundo trimestre deste ano. Isso atenderia à definição clássica de uma recessão.
Summers previu há meses que a inflação - que está acima de 8% na taxa anual, a maior em quatro décadas - só voltaria para a meta de 2% do Federal Reserve com uma desaceleração econômica. Isso pode ser causado por aumentos nas taxas de juros do Fed ou por um enfraquecimento da economia, disse ele.
Se os EUA entrarem em recessão, isso provavelmente levaria os formuladores de políticas monetárias do Fed a moderar o seu aperto em curso, disse Summers. As projeções das autoridades apontam para uma taxa no patamar de 3,5% ao fim deste ano.
“O Fed provavelmente sentiria que precisaria aumentar menos as taxas” do que se o forte crescimento da economia e a pressão sobre os salários continuassem, disse o ex-secretário do Tesouro.
- Com a Bloomberg Línea.
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